Epidemia já alastra a dois continentes
A epidemia provocada pela recombinação genética da bactéria
Escherichia coli (E.coli) alastra pela Europa e chegou aos Estados
Unidos da América. A origem da epidemia, que já matou 18 pessoas e
infectou 1624, continua por esclarecer. Em Portugal permanece a
suspeita de um caso, a do homem, de 40 anos, residente na Madeira,
regressado há duas semanas de Hamburgo, na Alemanha, e que continua
internado no Hospital Central do Funchal.
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Por:Cristina Serra
As análises feitas ao casal residente no Norte do País deram negativo,
segundo o director-geral da Saúde, Francisco George. Por enquanto, não
existem outros casos suspeitos no País.
Miguel Ferreira, director clínico do Hospital do Funchal, afirmou ao
CM que o doente estava ontem a "evoluir de forma favorável", estando
"os parâmetros clínicos quase normais".
Segundo aquele responsável, "o doente respondeu bem aos tratamentos e
os problemas provocados pela gastroenterite já quase desapareceram" Já
não tem diarreia com sangue nem o abcesso junto ao apêndice. O
paciente, técnico do laboratório daquele hospital e casado com uma
médica, viajou para a Alemanha para uma formação.
O homem deu entrada pela Urgência do Hospital Central do Funchal
poucos dias antes da divulgação do surto na Alemanha, pelo "que foi
tratado com antibióticos, uma medicação habitual nos casos de
gastroenterite".
Segundo o CM apurou junto de fonte do Instituto Nacional de Saúde Dr.
Ricardo Jorge, o atraso no resultado das análises feitas ao paciente,
para confirmar se foi infectado com a nova estirpe da E.coli, deve-se
ao envio incorrecto de uma amostra de fezes. "As análises têm de ser
feitas com um soro, pelo que tivemos de esperar por outra amostra para
fazer as análises".
Depois de excluírem os pepinos de Espanha como a origem da epidemia,
as autoridades de saúde alemãs dizem agora que a "fonte provável da
infecção é a ingestão de legumes e vegetais crus ou água não tratada".
RESTAURANTES FISCALIZAM
A Associação de Restauração e Bebidas de Portugal afirma que,
diariamente, os estabelecimentos fazem o autocontrolo da segurança
alimentar, verificando todos os procedimentos, desde a recepção dos
alimentos até ao consumo.
ALIMENTOS IMPORTADOS INFECTADOS
O director-geral da Saúde, Francisco George, afirmou que "Portugal é
um país de baixo risco para a contaminação da nova estirpe da bactéria
E.coli". No entanto, esse risco existe. Mário Jorge Rêgo, presidente
da Associação Portuguesa dos Médicos de Saúde Pública, afirmou ao CM
que "o maior risco da entrada da doença em Portugal é através de
doentes infectados". Mas não é a única via provável da entrada da
E.coli no País.
"Há também o risco da importação de produtos alimentares contaminados
com a estirpe mais perigosa da E.coli. E o que é surpreendente e
preocupante é que o problema está fora de controlo e a Alemanha não
restringiu a exportação de alimentos para os outros países e esta é
uma realidade preocupante", disse.
Segundo aquele especialista, os alimentos de maior risco de serem
contaminados com a bactéria são os produtos que são semeados e
encontram-se junto à terra. "Os morangos, a alface, os pepinos são
semeados na terra, não nascem em árvores e esse é o maior risco",
afirmou Mário Jorge Rêgo, referindo que Portugal não tem tradição na
importação da Alemanha destes vegetais. Há, porém, a possibilidade de
entrarem no País dado a livre circulação de bens na Europa.
Mário Jorge Rêgo refere ainda que os animais contaminados e usados
para a alimentação humana e que não sejam devidamente lavados podem
ser também um veículo de transmissão da doença.
EVITAR A ÁGUA DOS FONTANÁRIOS
O responsável pela saúde pública do Agrupamento de Centros de Saúde do
Zêzere alerta para os riscos de consumir água de fontanários,
recordando que a bactéria, presente em alguns, pode evoluir para uma
nova estirpe, como aconteceu na Alemanha. Rui Calado defende o consumo
da água da rede pela "excepcional qualidade" em vez do consumo
"indesejável" das águas de fontanários, potenciais transmissores de
vírus, bactérias e microorganismos, um perigo para a saúde pública.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?channelId=00000009-0000-0000-0000-000000000009&contentId=EE6B84A2-32CE-42C7-9F90-925AD5CFC828
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