sábado, 4 de junho de 2011

Agricultura 2013: o fim dos subsídios?

Após 2013 uns temem diminuição dos fundos e outros acreditam no futuro
mesmo sem financiamento.
11:22 Sexta feira, 3 de junho de 2011
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O quadro comunitário após 2013, que está a ser definido, vai
introduzir alterações nos apoios à agricultura portuguesa e enquanto
uns temem uma diminuição das ajudas outros acreditam que, mesmo sem
financiamento, o sector se transformará num negócio rentável.

A União Europeia (UE) debate neste momento a chamada estratégia 20/20,
que será introduzida após 2013 até 2020.José Martino, administrador da
Espaço Visual, uma empresa de consultoria e elaboração de projetos
agrícolas e agroindustriais, acredita que a agricultura portuguesa
"tem futuro" mesmo sem apoios comunitários.
"Gerou-se uma ideia que só se podem fazer investimentos na agricultura
com apoios. Essa ideia é falsa. Porque só pode fazer investimentos
quem tem dinheiro e capacidade financeira para os fazer", salientou. O
responsável acrescentou que o agricultor precisa sempre de ter
capitais próprios, um fundo de maneio, para desenvolver a atividade.
Agricultura será um negócio interessante
"Quando terminarem, os fundos europeus, os investidores continuarão a
investir na agricultura até porque com a crise atual, com a previsão
da subida dos preços das produções agrícola, a agricultura ir-se-á
tornar um negócio cada vez mais interessante e rentável", sublinhou.
Na sua opinião, o que vai mudar é a visão que se tem da agricultura,
que vai passar a ser vista mais como um negócio, como uma atividade
voltada para o mercado e para a produção de bens públicos, enquanto
que hoje é vista mais como uma atividade social", afirmou.
Por sua vez, Firmino Cordeiro, presidente da Associação de Jovens
Agricultores de Portugal (AJAP), diz não acreditar no fim das ajudas
comunitárias ou a agricultura nacional "reduzir-se-ia muito mais".
Continuamos a perder agricultores
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), entre 1999 e
2009, o país perdeu uma em cada quatro explorações agrícolas e perdeu
ainda 110 mil agricultores. "Ou seja, a agricultura portuguesa está a
perder terreno a cada ano que passa, mesmo com apoios, agora
imagine-se sem apoios", sublinhou.
Armando Carvalho, dirigente da Confederação Nacional da Agricultura
(CNA), teme uma diminuição dos apoios comunitários para a agricultura
portuguesa. Até porque, acrescentou, o orçamento comunitário para o
sector se tem mantido apesar do aumento do número de países que
integram a UE e consequentemente do número de agricultores e de área
agrícola.
A palavra chave para o futuro parece ser a "competitividade" pelo que
o responsável considera que a agricultura familiar poderá vir a ser
"marginalizada" na futura Política Agrícola Comum (PAC). Como aspeto
positivo da reforma da PAC, Armando Carvalho destaca o fim das ajudas
desligadas da produção.
"O resultado desta política até agora foi o aumento do défice
agroalimentar e o abandono das terras", salientou. José Martino
concorda. "Não se podem continuar a meter milhões e milhões de euros
na agricultura e não haver crescimento do produto, não haver
substituição de importações por produções nacionais nem um incremento
forte das exportações", frisou.
http://aeiou.expresso.pt/agricultura-2013-o-fim-dos-subsidios=f653297

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