Como Portugal é altamente deficitário em cereais e «só consegue
produzir para três, quatro meses», o que se produz fica em território
nacional
Por: Redacção / CPS
Nos campos da Azinhaga e Golegã e pelo vale do Tejo as searas de milho
dominam a paisagem, um cereal que tem escoamento garantido e a um
preço cada vez mais «interessante» para os produtores.
«Ultimamente tem havido alguma expectativa neste sector. Passados
muitos anos de preços muito baixos, felizmente agora, com alguma falta
de cereais (nos mercados mundiais), os preços voltaram a ser
interessantes» e esta região «tem muito boas capacidades de produção».
Com um gigante pivô de rega sobressaindo do vasto campo verde mesmo à
porta da quinta da família onde tem o seu escritório, João Coimbra é
um exemplo da agricultura empresarial que se pratica em Portugal.
Ao longo de gerações, a família foi reunindo os 250 hectares de
terreno que possui actualmente, a que se juntam mais cerca de 100
hectares arrendados, na sua esmagadora maioria a produzir milho,
cultura que tem vindo a fazer com menos risco e onde se conseguem
retornos «mais interessantes» para os avultados investimentos em
regadio, escreve a Lusa.
«O problema do Sul da Europa é que não pode viver sem rega», o que, à
partida, implica logo 30 por cento de custos acrescidos em relação aos
produtores do Norte, o que é compensado por aumentos de produtividade,
já que há maior tempo de exposição solar, afirma.
Apoios estatais têm vindo a diminuir
Como Portugal é altamente deficitário em cereais - «só consegue
produzir para três, quatro meses» - o que se produz fica em território
nacional. Podendo resistir meses, o armazenamento torna-se uma questão
crucial, resolvida na região com os investimentos que têm sido feitos
nesta área pela cooperativa Agromais, «que tem conseguido absorver a
totalidade da produção», acrescenta.
«O grande problema aqui é sempre o preço. O preço mundial tem
oscilações cada vez maiores e isso é que tem sido o grande problema.
Há anos em que as pessoas perdem dinheiro e outros em que conseguem
algum rendimento», disse, sublinhando a necessidade de garantir a
estabilidade dos preços.
Os apoios estatais têm vindo a diminuir e as ajudas europeias não
correspondem, no seu entender, à fatia paga pelos contribuintes
portugueses.
Com forte potencial de crescimento, a produção de milho, actualmente
muito centrada na alimentação animal, pode ter outros fins, como a
produção de plástico para a agricultura ou bioetanol (para
substituição da gasolina).
A sua empresa não se esgota na produção de milho. Possui uma área
florestal - montado, eucalipto e pinheiro - virada para a indústria e
a exportação (cortiça, pasta de papel, madeira), uma actividade
«bastante interessante» e também ela a precisar de mais gente a
investir.
http://diario.iol.pt/geral/cereais-milho-agricultura-precos-agencia-financeira/1258047-5238.html
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