terça-feira, 22 de novembro de 2011

Douro: Quinta do Portal corta as últimas uvas para o "Late Harvest"

A Quinta do Portal, em Sabrosa, está a cortar as últimas uvas para o
"Late Harvest", uma colheita tardia que se faz um pouco por todo o
mundo e é também uma aposta de algumas quintas do Douro.
O castanho, o amarelo e o vermelho são agora as cores que pintam as
encostas durienses. Vive-se o pleno outono e, ao mesmo tempo que se
começa a apanha da azeitona na mais antiga região demarcada do mundo,
a Quinta do Portal corta as últimas uvas para o "Late Harvest".
Na vinha, algumas das mãos que cortam as uvas em setembro são as
mesmas que pegam agora nas tesouras, protegidas por luvas que ajudam a
enfrentar o tempo mais frio.

As videiras quase despidas ajudam no corte e na escolha das uvas
ideais para o Late Harvest ou seja, as que apresentam um aspeto já
muito parecido com as passas.
O enólogo da Quinta do Portal, Paulo Coutinho, explicou à Lusa que
este processo tira partido da chamada "podridão nobre", um fungo que
resulta na desidratação das uvas e na concentração dos açúcares,
acidez e aromas.
Para Adélia Ferreira, vindimar em novembro já não é uma novidade:
"Esta é diferente porque agora as uvas estão mais maduras do que em
setembro. Mas gosto tanto de fazer uma como a outra. Cada qual tem o
seu valor", afirmou a trabalhadora de Vilarinho de São Romão, concelho
de Sabrosa.
Já Maria Fernanda Pereira, de Baião, é a primeira vez que corta uvas
nesta altura. "Agora é mais frio, mas até se anda melhor. Na parte do
verão tiramos as uvas boas e agora este tem outro efeito. É
diferente", referiu.
As condições meteorológicas atípicas verificadas este ano, com o
outono mais seco dos últimos 80 anos, influenciaram também esta
vindima tardia, tornado mais difícil obter os resultados pretendidos.
"As uvas estão queimadas pelo sol e a concentração que houve foi
apenas pelo calor e falta de humidade e não tanto pela ação do fungo,
como seria de esperar. Vamos tentar fazer na mesma a colheita tardia.
Não teremos é, se calhar, aquela complexidade natural pelos aromas que
o fungo transmite", frisou.
As uvas colhidas agora, das castas moscatel e viozinho, são levadas
para a adega, onde lhes é retirado o engaço e depois esmagadas. Para
travar a fermentação e preservar o açúcar pretendido, o enólogo
recorre a uma levedura encapsulada e à ação do frio sulfuroso,
técnicas já utilizadas para o espumante.
A fermentação deste vinho é lenta, demorando entre quatro a cinco
meses, passando depois por uma maturação em barrica. É lançado no
mercado cerca de dois anos depois.
Paulo Coutinho diz que este é um vinho de "sobremesa por excelência".
A Quinta do Portal vende o Late Harvest em garrafas de 375 mililitros,
produzindo uma média anual de cerca de três mil garrafas que são
vendidas nos mercado nacional e internacional.
No entanto, segundo o responsável, na exportação contam com a
concorrência de outros produtores porque atualmente se faz um pouco
por todo o mundo. A colheita tardia é originária dos países do norte
da Europa.
O enólogo fez ainda um balanço positivo da vindima 2011 na Quinta do
Portal, onde disse que se verificou até um aumento de produção e se
preveem vinhos brancos e tintos de "excelente qualidade".
Em toda a Região Demarcada do Douro verificou-se este ano uma quebra
de produção em relação a 2010 que deverá rondar os 20 por cento.
@Lusa
http://noticias.sapo.pt/infolocal/artigo/1202709

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