quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Parlamento recebe petição para que consumidores saibam qual o vedante usado nas garrafas de vinho

24.11.2011
Lusa
A petição a apelar que os rótulos das garrafas de vinho passem a
informar se o vedante é de cortiça ou sintético já deu entrada no
Parlamento, reunindo quase 12.000 assinaturas de produtores e
consumidores que reclamam o direito a optarem pela cortiça.
O objectivo do documento, que aguarda agora discussão pública, é
possibilitar ao público uma escolha informada para que os consumidores
possam "escolher um produto que seja mais correcto do ponto de vista
ambiental e que traga mais-valias socioeconómicas para o país", numa
"discriminação positiva" dos vinhos que assim "defendem a
biodiversidade dos montados de sobro e diminuem a pegada de carbono".
Pedro Borges é o autor da petição e, reconhecendo que essa representa
uma reivindicação já antiga, declarou à Lusa: "Estamos confiantes de
que esta proposta vai passar a lei, porque não envolve qualquer tipo
de proteccionismo. Trata-se apenas de prestar uma informação completa
ao consumidor, para que ele faça as suas opções de compra como bem
entender".

O dinamizador da iniciativa afirma que a maioria dos consumidores
portugueses de vinho está consciente das vantagens da rolha natural e
terá assim possibilidade de evitar decepções, como acontece de cada
vez que "chegam a um supermercado ou restaurante, escolhem uma garrafa
e só ao abri-la percebem que tipo de vedante ela usava".
Sobre a receptividade dos produtores quanto às eventuais alterações a
implementar nos rótulos das suas marcas, Pedro Borges admite: "Há uns
anos a cortiça tinha uma imagem negativa e muitos produtores quiseram
demarcar-se dela. Mas hoje já perceberam que ela tem vantagens e que a
tendência dos consumidores é para valorizar os produtos com cortiça
natural".
Diogo Albino, gestor da marca "Torre do Frade", que em 2010
desenvolveu uma campanha de marketing valorizando precisamente a rolha
de cortiça, reconhece que cada produtor "já tem a opção de referir ou
não esses dados no rótulo dos seus vinhos", mas garante: "Ainda muito
pouca gente o faz e claro que há clientes que se sentem defraudados
quando chegam a casa e, ao abrirem uma garrafa, descobrem que o
vedante era sintético".
Duarte Leal da Costa, director-geral da Herdade da Ervideira, recorda
que essa foi "a primeira empresa do mundo a colocar o símbolo
'CorkMark' nas suas garrafas" e não tem dúvidas de que, na hora da
compra, o consumidor faz distinção "entre uma rolha de cortiça, que é
um produto verdadeiramente bom, e outro vedante qualquer, derivado do
petróleo".
Já o administrador da Herdade do Esporão, João Roquette, a informação
sobre vedantes não deve ser obrigatória no rótulo das garrafas. "A
cortiça é um excelente produto e usamo-la em 99 por cento da nossa
produção, mas acho que esta petição tem uma segunda agenda que não
está tão preocupada com os interesses do consumidor quanto com os
interesses da indústria corticeira".
Para o responsável daquela que foi a primeira empresa portuguesa a
certificar com a norma FCC as rolhas de cortiça utilizadas nos seus
vinhos, "a petição aparece com o argumento de informar o consumidor,
mas o que pretende é promover os interesses da indústria corticeira e,
nesse caso, esta é a estratégia errada". "Se a indústria da cortiça se
quer promover, que o faça por si própria, sem a desculpa de que está a
pensar no interesse dos consumidores de vinho e os quer mais
informados", recomenda João Roquette.
http://ecosfera.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1522343

Sem comentários:

Enviar um comentário