Angola considera que a agricultura é prioritária e está a preparar
alternativas aos diamantes e ao petróleo. Café e algodão estão na
lista dos produtos prioritários.
Mário Lino, correspondente no Algarve (www.expresso.pt)
11:02 Terça feira, 22 de novembro de 2011
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Angola vai disponibilizar 280 milhões de dólares para a plantação de
café e algodão.
"Podemos esquecer o petróleo e os diamantes, precisamos diversificar
os investimentos, e isso passa obviamente pela agricultura". Quem o
diz é Mateus Sá Miranda, cônsul-geral de Angola em Faro, à margem de
um seminário dedicado ao tema, promovido pelo Consulado e pela Câmara
Municipal de Portimão.
"A estratégia do Governo angolano está centrada na diversificação da
economia e a agricultura é uma das áreas em que vamos apostar. Temos
um solo muito fértil que tem de ser aproveitado e que não o foi em
função da guerra", acrescenta ao Expresso Estevão Alberto, conselheiro
de imprensa da Embaixada de Angola em Portugal.
Segundo os especialistas, a questão que se coloca - e que tem sido
'abafada' pelo tema da crise financeira global - é a da da escassez
mundial na produção de alimentos, algo a que Angola parece estar agora
atenta: "Eu penso que há muito espaço para crescer e apelo aqui aos
investidores do Algarve para que olhem para Angola e pensem no seu
know-how ao nível da produção agrícola, para apostarem lá em especial
em produtos como o café e o algodão", adianta Jorge Kalukembe,
geógrafo e CEO da Kumbu, empresa consultora de negócios sedeada em
Portimão.
Como exemplo, Kalukembe aponta a valorização do café que rondou os
1400% em apenas 10 anos, quando a cota mundial de produção de Angola é
de apenas 0,003%. Não será coincidência o fato de o Governo angolano
estar a disponibilizar linhas de crédito que rondam os 280 milhões de
dólares para fomentar a plantação de café e de algodão, numa área
agrícola que ultrapassa um total de 150 mil hectares.
Desminagem 'ressuscita' agricultura
Com o processo de desminagem numa fase adiantada, é tempo de angolanos
e portugueses darem as mãos e trocarem experiências e investimentos,
em várias escalas. "Aqueles que não conhecem Angola vão encontrar uma
nação em mudança", garante Jorge Kalulembe, autor de vários livros
sobre os recursos naturais e a economia de Angola, que assim abre as
portas ao intercâmbio financeiro e cultural entre duas nações cada vez
mais próximas.
Recorde-se que o número estimado de angolanos em Portugal ronda os 100
mil, enquanto o de portugueses em Angola já excede os 170 mil. Um
fluxo que ajudará a economia angolana a crescer, assente sobretudo na
procura de quadros qualificados tendo em vista áreas de elevado
potencial, como a agricultura e o turismo.
Que o diga Marta Cortegano, engenheira florestal da Associação Defesa
Património de Mértola, que pegou em case studies alentejanos para
mostrar o espaço de crescimento de Angola, nos recursos florestais.
"No caso de Angola estamos a falar de uma biodiversidade
extraordinária. Há pequenos produtos de que não nos lembramos numa
lógica de investimento, tais como o mel biológico, os frutos
silvestres ou as plantas medicinais e importa valorizá-los,
integrá-los num processo de desenvolvimento económico", vaticina.
A seguir, virá a expansão turística: "É preciso uma mercadologia do
território, que tem a ver descobrir no território elementos de
diferenciação e potenciá-los como marcas vendáveis", conclui Raúl
Marques, geógrafo, apelando à criação de marcas regionais que
potenciem o território angolano.
http://aeiou.expresso.pt/ha-mais-angola-alem-do-petroleo-video=f689481#ixzz1eRUmDG9g
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