sábado, 26 de novembro de 2011

Empresa exporta vinhos e azeites para 50 países

ALENTEJO
por Luís GodinhoHoje

Do Esporão se diz que é a mais antiga propriedade agrícola do País,
com limites estabelecidos em 1267 (reinava D. Afonso III) e mantidos
praticamente inalterados. A tradição vitícola é ainda mais antiga,
sabendo-se que dali foram exportados vinhos para todo o Império
Romano.
Hoje em dia as exportações de vinho, mas também de azeite, continuam a
assumir importância relevante para a Esporão S.A., empresa familiar
fundada por José Roquette em 1973. Metade das vendas é feita no
mercado internacional, com Brasil (onde a firma tem uma distribuidora
própria desde 1995), Angola e Estados Unidos à cabeça de uma vasta de
lista de países para onde seguem produtos que melhor se adaptam às
características de cada mercado. Para o Brasil e para a Suíça, por
exemplo, seguem sobretudo produtos premium, cujo preço acompanha a
qualidade mais elevada.

"Outra importante exportação são os cerca de 10 mil turistas
estrangeiros que nos visitam anualmente", diz João Roquette, filho do
fundador e accionista e CEO do Esporão, cujo ingresso na empresa
resultou de um "processo natural". "Formei-me e cresci trabalhando
noutros projectos, primeiro na Merrill Lynch em Londres e depois num
projecto pessoal relacionado com música em Espanha. Aos 30 anos
aproximei-me do Esporão e o Esporão de mim."
Depois de uma colaboração em vários projectos internos, João Roquette
assumiu a liderança executiva da empresa em 2006, confessando-se
"satisfeito" por ter cumprido os objectivos definidos para estes
últimos cinco anos. Em 2012 chegarão ao mercado os vinhos da colheita
deste ano - "provavelmente a primeira grande colheita desta década" -
e será também lançado o Torre 2007, três mil garrafas do vinho mais
exclusivo da empresa, produzido apenas em anos especiais. O ano ficará
igualmente marcado pela reinauguração do enoturismo na Herdade do
Esporão que beneficiou de importantes obras de requalificação.
"Somos uma empresa familiar, como os mesmos valores que há 25 anos mas
com uma realidade diferente", diz. "Somos maiores, mas continuamos a
controlar o processo desde a plantação (vinhas e olivais) até à
distribuição. Produzimos os nossos vinhos e azeites nas duas
principais regiões de Portugal, o Alentejo e o Douro, e vendemos um
portefólio variado de produtos em mais de 50 mercados."
Contrariando um documento oficial de 1973, que aprovou a construção da
primeira adega no Esporão, mas que considerava tratar-se de um
"projecto megalómano destinado a falência rápida". "Guardamos esse
documento com carinho pois é a confirmação de um grande provérbio
chinês segundo o qual todas as grandes conquistas são, ao princípio,
impossíveis", diz João Roquette, reconhecendo que o objectivo de
desenvolver um projecto vitivinícola de alta qualidade constituía
então uma "visão tão ambiciosa quanto arriscada".
Dos primeiros vinhos engarrafados em 1985 restam ainda alguns
exemplares na garrafeira da empresa. Foram dois produtos "inovadores
em vários aspectos", incluindo a utilização das castas Cabernet
Sauvignon e Touriga Nacional, à época pouco utilizadas no Alentejo, e
rótulos com ilustrações de Dordio Gomes (Esporão reserva tinto) e
Cargaleiro (Esporão reserva branco).
Para o director executivo do Esporão, o sucesso da empresa explica-se
pela capacidade de, ao longo dos anos, "ter uma proposta de valor
clara e relevante em diferentes segmentos de preço, estabelecendo uma
relação de confiança com os seus clientes". Mais difícil é escolher o
vinho preferido: "Depende da colheita, cada ano a natureza traz
consigo novas combinações de clima, resultando em vinhos com
características diferentes." Aguardemos os de 2011.
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2150025&page=-1

Sem comentários:

Enviar um comentário