NOVEMBRO: MÊS DA ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS
por SÓNIA SIMÕESOntem
A empresa Mendes Gonçalves apostou em vinagres de sabores que até
podem ser usados em sobremesas. Já exporta para todos os continentes
Já pensou em preparar uma entrada de queijo de cabra com vinagre? E
uma sobremesa, um crepe ou uma panqueca? A empresa que nasceu há 30
anos na terra dos cavalos, na Golegã, criou recentemente uma série de
novos sabores e texturas de vinagre e reduções de vinagre que promete
mudar os hábitos dos portugueses. A ideia é que os vários sabores em
embalagens apelativas sejam levados para a mesa e possam ser
escolhidos por qualquer convidado, conforme o gosto.
A inovação - que passa por uma linha de produtos de redução de
vinagres com sabores tão diversos como o figo, a manga ou os frutos
silvestres, e por uma outra linha de vinagres em spray, com sabores
como o champanhe - é a mais recente aposta desta empresa familiar,
pensada pelo pai de Carlos Gonçalves. A experiência por conta de
outrem e em sociedades de produção de vinagre levou-o a criar o
negócio por conta própria. Carlos tinha na altura 15 anos e começou
logo a trabalhar. Hoje, aos 45, está à frente da empresa, ainda com a
mãe e com a irmã. Começaram por ser eles nos serviços administrativos,
com apenas mais dois funcionários a cargo. Hoje, a Mendes Gonçalves é
a única empresa promotora de postos de trabalho do concelho.
Tudo começou nas instalações em que ainda agora se produz vinagre de
figo de forma artesanal. "É uma matéria-prima que existe no concelho
de Torres Novas. Alguns pequenos produtores só saem de casa para vir
aqui entregar os frutos", explica Carlos, que apesar do
desenvolvimento da empresa quer manter a tradição que a fundou. Prova
disso é o pequeno espaço na fábrica dedicada ao embalamento manual.
Neste canto embalam-se e colam-se etiquetas a centenas de garrafas por
dia (500 a 1000).
Antes de surgirem as grandes superfícies em Portugal, o pai de Carlos
vendia de norte a sul do País para o comércio tradicional e para
pequenas cadeias de supermercado. Vendia também às comunidades
portuguesas emigradas e para as antigas colónias. O aparecimento dos
hipermercados obrigou a uma evolução no negócio e nas instalações. Por
um lado, produziam-se as marcas próprias, como a Peninsular, por outro
começou-se a produzir para as empresas de distribuição. Fazia-se
vinagre de vinho e de figo, mais tarde de sidra e agora uma panóplia
de sabores e texturas.
Mas Carlos não ficou por aqui. Apesar de alterações introduzidas no
comércio do vinagre, decidiu em 2004 expandir a oferta e colmatar uma
falha no mercado português: a produção de molhos. "Começamos a
fabricar maionese, mostarda e ketchup, até porque o vinagre é
matéria-prima desses produtos." Nesta altura, mais de 90% destes
molhos eram importados, não se faziam em Portugal (quer para as
empresas de distribuição quer para as marcas). "Hoje produzimos para
praticamente todas as marcas. Metade da nossa facturação refere-se aos
molhos outra aos vinagres É importante para o País exportar, mas se
evitarmos importações, criamos mais trabalho e riqueza."
Ainda assim, algumas matérias-primas que usa nos molhos têm de ser
importadas por não existirem dentro de fronteiras, como é o caso do
ovo em pó. Compensa com as vendas para o estrangeiro, actualmente
exporta para 21 países, em todos os continentes, e tem rótulos em
várias línguas, do inglês ao árabe. "Por cá o consumo é reduzido, não
há massa crítica. Temos de nos virar lá para fora."
Na fábrica há já uma equipa de investigação para analisar produtos e
tendências. Os únicos produtos não produzidos aqui, apesar de
comercializados pela Mendes Gonçalves, são os vinagres de champagne e
o balsâmico. O primeiro vem de França, o outro de Itália (onde a
empresa está registada e tem licença para o embalar). "São produtos
típicos desta região e não vale a pena imitar", justifica.
http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=2134501&especial=Made%20in%20Portugal%20-%20M%EAs%20da%20Alimenta%E7%E3o%20e%20Bebidas&seccao=ECONOMIA&page=-1
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