quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Empresa do Alqueva preocupada com aumento de capacidade dos espanhóis de captarem água

23-11-2011

A empresa do Alqueva manifestou preocupação com o eventual aumento da
capacidade dos espanhóis de captarem água no rio Guadiana, perto de
Mértola, o que poderá incompatibilizar-se com necessidades de água
para o projecto alentejano.
A preocupação foi manifestada em Beja por um director da Empresa de
Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), numa sessão
pública de apresentação da proposta do Plano Hidrológico da Bacia do
Guadiana, parte espanhola da Região Hidrográfica.
O plano espanhol, entre várias medidas, prevê, mediante «coordenação
com Portugal», o aumento da capacidade dos espanhóis captarem água no
Bocachança, uma estação de bombagem situada na confluência dos rios
Chança e Guadiana, na zona de Mértola.

«Há uma expectativa de aumento da captação de água por parte dos
espanhóis no Bocachança dos actuais cerca de 30 milhões de hectómetros
cúbicos para 68 milhões de hectómetros cúbicos», sendo que a captação
tem uma capacidade máxima de 75 milhões de hectómetros cúbicos, disse
Jorge Vasquez, da EDIA, à Lusa, após a sua intervenção na sessão.
Segundo Jorge Vasquez, «em termos de coabitação com expectativas de
água para o empreendimento de Alqueva, a manutenção e o reforço da
captação dos espanhóis no Bocachança levanta algumas preocupações» à
EDIA.
«Primeiro, porque o valor previsto é importante e, segundo, porque no
plano prevê-se que a compensação pela água retirada no estuário do
Guadiana e a jusante da captação possa vir do sistema
Alqueva/Pedrogão, que é a grande origem de água do empreendimento de
Alqueva», explicou.
A «médio prazo», os recursos hídricos do sistema Alqueva/Pedrogão
«estarão afectos» às valências do Alqueva, como os 110 mil hectares de
regadio previstos no projecto global, abastecimento público e produção
de energia, disse.
Por outro lado, «é preciso também reforçar uma série de perímetros»
ligados ao Alqueva, como os do Roxo, Odivelas, Alto-Sado e Vale do
Sado, e «responder a um perímetro de um pedido industrial muito
importante de Sines».
Jorge Vasquez disse que vê «com preocupação a compatibilização» das
necessidades de água para o Alqueva com o aumento da captação dos
espanhóis no Bocachança, que «vai criar uma carência de água no
estuário do Guadiana e a jusante do ponto de captação».
Segundo José Angél Rodriguez, da Confederação Hidrográfica do
Guadiana, que elaborou o plano espanhol, o documento «respeita, na
íntegra, tudo o que foi acordado na Convenção de Albufeira» entre
Portugal e Espanha, que «não está fechada», já que «não há um acordo
final» sobre as quantidades de água.
No plano espanhol, em fase de discussão pública até sábado, o aumento
da captação de água no Bocachança «não aparece consolidado» e está
«dependente de um acordo com Portugal» e se não haver acordo não
haverá aumento da captação, disse José Angél Rodriguez.
Segundo Jorge Vasquez, o Bocachança permite ir buscar água ao rio
Chança, um afluente da Bacia Hidrográfica do Guadiana, para «reforçar
o abastecimento público de água a Huelva e ao pólo industrial de
Huelva» em Espanha.
A captação de água no Bocachança, por parte dos espanhóis, que deveria
ser provisória «mas foi ficando», começou nos anos 70 e deveria
ocorrer até à construção das barragens espanholas do Chança, já em
exploração, e do Andévalo, que está em fase de enchimento e deverá
entrar em exploração a curto prazo, disse Jorge Vasquez.
Fonte: Lsua
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia42517.aspx

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