07-11-2011
O primeiro fundo florestal português, criado há cerca de três anos, investiu 20 milhões de euros em zonas de montanha e desfavorecidas e proporcionou um rendimento médio de 4,7 por cento ao ano, segundo o seu director-geral.
O fundo, lançado em 2008, conta com investidores públicos, o Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas e privados, como a Caixa Geral de Depósitos, Crédito Agrícola SGPS, BES, Banif- Banco de Investimentos e Fomentinvest Energia, e dedica-se à compra e arrendamento de propriedades para exploração florestal, gerindo actualmente quase seis mil hectares de terra.
Luís Unas, o director-geral do Fundo Floresta Atlântica, disse à Lusa que o fundo «ainda está em fase de estruturação» e que o objectivo é atingir um rendimento mínimo de 6 a 7 por cento quando entrar em velocidade de cruzeiro.
«Fazer investimento numa zona de minifúndio demora muito tempo, cada negócio demora seis meses e a um ano: é preciso identificar os proprietários, fazer avaliações, às vezes registar as parcelas que podem ser tão pequenas que o custo de regularização administrativo excede os valores que estamos a pagar pelo prédio. Daí que demora algum tempo até atingirmos a velocidade de cruzeiro», justificou o gestor.
Em alguns anos, a rentabilidade pode ser elevada, como aconteceu em 2010, chegando aos 11,2 por cento, mas tudo depende da fase de investimento: «Nesta fase de compras de terras, novas plantações, abertura de estradas, temos alguma oscilação», adiantou Luís Unas.
O Fundo dispõe de 5.600 hectares distribuídos por 14 concelhos, dos quais 60 por cento estão arrendados, enquanto os restantes foram adquiridos por 11,2 milhões de euros, concentrando as maiores áreas em Vinhais, Covilhã, Portalegre e Castelo Rodrigo.
As receitas provêm essencialmente da venda da madeira sendo exploradas 17 espécies florestais, com predominância do pinheiro-bravo, destinadas à indústria do mobiliário, energia e fabrico de varas e postes, mas a componente agrícola é igualmente aproveitada.
«Temos nogueiras, amendoeira, cerejeira e castanheiros e complementarmente uma série de produtos que coexistem com a parte florestal, como o mel e os cogumelos. Estamos também a fazer ensaios de apanha de flor de carqueja, folha de freixo e amoras silvestres», declarou Luís Unas, acrescentando que o Fundo pode vir a obter ainda receitas de carbono e de reservas de caça turísticas. A flexibilidade do Fundo é uma das principais vantagens.
«Como fazemos uma gestão integrada do ecossistema florestal, conseguimos uma série de receitas antecipadas. O problema do investimento na floresta é o deferimento da receita que pode levar 10 a 15 anos no caso do pinheiro ou 40 no caso do sobreiro», sublinhou o mesmo responsável.
O director-geral destacou, por outro lado, os impactos positivos para a economia local e para o emprego, afirmando que já foram criados cerca de 200 postos de trabalho directos em zonas deprimidas do interior.
«Tentamos que os serviços e a mão-de-obra sejam adquiridos localmente, tentamos que o 'outsourcing' fique na região», garantiu.
Além disso, as parcerias com produtores locais permitem «um volume de produção maior», dando mais visibilidade às pequenas estruturas que beneficiam de «escala e profissionalismo a nível de escoamento, definição dos produtos e marketing».
A floresta sai também beneficiada, pois o Fundo desenvolve «um programa rigoroso» a nível da prevenção e gestão de riscos, quer na componente de fogos, quer de pragas e doenças.
«Temos equipas de sapadores próprias e estabelecemos parcerias com juntas e com protecção civil. Até agora tem corrido muito bem: em três anos arderam apenas cerca de 15 hectares», congratulou-se Luís Unas.
As florestas geridas pelo Fundo são certificadas, ou estão em fase de certificações, e a produção agrícola é biológica.
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia42384.aspx
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