OPINIAO
João Dinis
Quero reconhecer, à partida, que não espero resposta "personalizada"
por parte da Senhora Ministra da Agricultura. Por um lado, isso seria
presumir pessoalmente demais e, por outro, também seria admitir que as
minhas perguntas podem ter respostas concretas e públicas da parte do
Ministério da Agricultura. E, isto, apesar de uma questão concreta
merecer uma resposta concreta e do tal "perguntar não ofende". Aliás,
estas mesmas perguntas gostaríamos nós de também colocar ao Dr. Paulo
Portas mas isso será difícil pois ele agora anda muito ocupado nos
"negócios estrangeiros", por exemplo com a Líbia e com Angola…
Acontece que em muitas e fundamentais questões, os governantes fogem a
dar respostas concretas…
Vamos lá então:
1 - Em recente debate televisivo, a Senhora Ministra admitiu que ainda
anda à procura de 38 milhões de Euros do tal reforço de 50 milhões de
Euros para o PRODER, reforço esse supostamente inscrito no Orçamento
de Estado para o ano corrente. Pois bem: - como se sente a Senhora
Ministra nesse papel de ter que "mendigar" - junto do Ministro das
Finanças ( personagem que mais parece um "ET") - os 38 milhões de
Euros "legítimos" para alavancar o PRODER, enquanto que, ao mesmo
tempo, o mesmo Ministro das Finanças proclama que "é pontual" e "não
preocupante" um dos "buracos" financeiros escondidos mas há pouco
tempo descoberto publicamente, no caso o "buraco" dos mil milhões de
Euros nas finanças da Madeira??
2 - O Governo Português vai ou não aproveitar o "favor", já proposto
pelos seus "compadres da política" da Comissão Europeia, em que o
Governo Português poderá reduzir em cerca de 600 milhões de Euros o
financiamento nacional, para o PRODER, proveniente dos Orçamentos de
Estado - poder assim passar o investimento nacional dos 900 milhões
previstos inicialmente no PRODER para apenas 300 milhões - mas sem ser
aumentado o valor previsto no PRODER para o investimento comunitário ?
E, a ser assim, quais serão, em concreto e onde, os "cortes"
correspondentes ?
3 - Um dos objectivos do actual Governo - e muito assumido desde as
campanhas eleitorais - é o do aumento da produção nacional e das
exportações.
3.1 - Mas, afinal, este Governo e esta Ministra são já responsáveis
pela assinatura do desligamento completo das ajudas públicas da
produção de Arroz e de Frutos Secos (entre outras produções). Ora,
como é certo e sabido, o desligamento das Ajudas da Produção também
provoca e redução da Produção Nacional e, em consequência, o aumento
das importações…
3.2 - E como uma das desgraças do programa de desastre nacional das
"tróikas" - da estrangeira e da nacional, sendo que a Senhora Ministra
faz parte da "tróika" nacional - é a do aumento brutal dos IVA sobre
bens e produtos agro-alimentares que até agora estão sujeitos a taxas
intermédias de IVA, então é mais do que certo isso vir provocar a
redução do consumo interno, a redução da produção nacional, a redução
dos rendimentos dos nossos Agricultores, a redução das exportações, o
aumento das importações e o agravamento do défice alimentar dos
Portugueses e do défice da balança de pagamentos agro-alimentar de
Portugal !!!... Sim, afinal como é, Senhora Ministra da Agricultura ?
E, já agora, como pensa a Senhora Ministra pôr Portugal a produzir
cereais tendo em conta que este é e será um sector estratégico para a
alimentação animal e para a alimentação humana ?
4 - E sem querer ser exaustivo, uma ou duas questões mais: - quando é
que o Governo vai pagar o que deve à Lavoura e a Organizações
Agrícolas ??
4.1 - É que, pagando mal e a más horas, não venha cá depois a Senhora
Ministra a querer responsabilizar as Organizações Agrícolas, por
exemplo, se não se "desembrulhar" a contento uma das maiores confusões
técnico-administrativas engendradas pelo "sistema" oficial e que é
esta da correcção do Parcelário…
É isso, perguntar não ofende…
…
Pois bem, Senhora Ministra: - cá da nossa parte, nós não temos nada de
pessoal contra si e até achamos que tem sido simpática. Mas o problema
incontornável é que, tal como atrás se disse, a Senhora Ministra
também faz parte das "tróikas". E as "tróikas" têm um o programa de
desastre nacional que é necessário interromper e o mais depressa
possível. Enquanto (ainda) houver Agricultura…enquanto houver País.
Por tudo isso, cá da minha parte não aceito que me metam as mão no
bolso, como se de um roubo se tratasse, e ainda por cima tenha que
bater palmas a agradecer a "ajuda" das "Tróikas"… Não, não ! Cá da
minha parte tudo farei, no pleno exercício dos meus direitos
democráticos, para combater o programa de desastre nacional das
"tróikas".
João Dinis
http://www.agroportal.pt/a/2011/jdinis5.htm
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