terça-feira, 27 de setembro de 2011

"Crise reduziu preocupação com o clima"

Katherine Richardson, responsável pela Estratégia Energética
Dinamarquesa 2050, vai ser a principal oradora da conferência
inaugural do Green Festival, que se realiza de 28 de setembro a 2 de
outubro no Centro de Congressos do Estoril.
Virgílio Azevedo (www.expresso.pt)
8:00 Segunda feira, 26 de setembro de 2011
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"As alterações climáticas deixaram de ser um tema ambiental para se
transformarem em alta política"
Latvijas Universitate

Uma sondagem feita em 51 países revela que a opinião pública está
menos preocupada com o aquecimento global. Porquê?
Porque houve muito menos notícias nos media desde a cimeira do clima
em Copenhaga em 2009 e porque a crise económica é a preocupação
imediata da generalidade das pessoas. A maioria dos cientistas
acredita que a atividade humana provoca o aquecimento global, mas só
50% do público apoiam esta tese.
Toda a gente estava a par da Cimeira de Copenhaga, mas hoje poucos
sabem o que vai ser a Cimeira de Durban (África do Sul) no final do
ano...
Os media e o público em geral pensam que a Cimeira de Copenhaga
falhou, mas isso não é verdade. Apesar das tentativas para
desacreditar a ciência das alterações climáticas, os políticos
acordaram na cimeira que devemos manter o impacto humano no sistema
climático abaixo dos dois graus. Por outro lado, as alterações
climáticas deixaram de ser um assunto ambiental para se transformarem
em 'alta política', ou seja, num potencial problema de segurança
global. E em 'alta política' as negociações não são rápidas. Estamos
no meio de um processo negocial e cada cimeira climática coloca
pequenas peças do puzzle no sítio certo. Acredito que todos os países
do mundo conseguirão um acordo global, mas não acontecerá nos próximos
quatro anos.
Na UE discute-se o prolongamento do Protocolo de Quioto até 2018. Concorda?
Talvez esteja de acordo como medida transitória, mas um novo tratado
internacional sobre o clima baseado na maneira de pensar instituída
pelo Protocolo de Quioto não é uma solução de longo prazo, porque faz
uma diferenciação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento.
A intensidade energética no mundo aumentou 1,35% em 2010, invertendo
uma tendência decrescente que durava há 30 anos. O que aconteceu?
A explicação está no crescimento económico das grandes potências
emergentes, como a China, Índia, Brasil ou Rússia. É por isso que a
estratégia do Protocolo de Quioto já não serve.
A UE quer que os países desenvolvidos consigam reduzir as emissões de
CO2 em 60% a 80% até 2050. Isso é possível?
É, mas porque a maior parte das emissões é provocada pela queima de
combustíveis fósseis e o seu preço irá aumentar de tal maneira que até
2050 poderão deixar de ser usados. Assim, a saída dos combustíveis
fósseis do sistema energético fará cair as emissões até esse nível.
A Dinamarca quer ser independente dos combustíveis fósseis em 2050. O
que tem de mudar na política energética?
Tem de haver desincentivos ao investimento em infraestruturas
relacionadas com os combustíveis fósseis e uma aposta forte no
desenvolvimento de um sistema energético inteiramente novo, que não
seja apenas a adaptação do sistema atual. No entanto, precisamos de
usar os mecanismos de mercado para fazer esta transição, o que
significa que as políticas energéticas têm de ser estáveis e ter uma
perspetiva de longo prazo.
http://aeiou.expresso.pt/crise-reduziu-preocupacao-com-o-clima=f675994#ixzz1Z86IB93R

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