26 de setembro de 2011, 13:36
A abertura do Regadio da Cova da Beira vai aumentar a produtividade da
fruticultura e as áreas plantadas na região, contrariando a
desertificação rural, destacou hoje à Agência Lusa o presidente da
Associação Distrital de Agricultores de Castelo Branco (ADACB),
Mesquita Milheiro.
Aquele responsável falava à margem de um seminário organizado pela
associação, no Fundão, sobre "Os Reflexos Produtivos e Económicos da
Fruticultura da Cova da Beira", região que abrange os concelhos da
Covilhã, Fundão e Belmonte.
O recenseamento agrícola divulgado este ano pelo Instituto Nacional de
Estatística (INE) mostra que, na última década, Portugal perdeu um
quarto das explorações agrícolas: em 2009 existiam 305 mil explorações
agrícolas, menos 111 mil do que em 1999.
Na Cova da Beira, a conclusão das obras de regadio "contraria a
tendência de desertificação", ao permitir que a água chegue a partir
do próximo ano aos concelhos da Covilhã e Fundão "onde as propriedades
têm mais dimensão e há agricultores mais jovens com novos projetos",
destaca Mesquita Milheiro.
O presidente da ADACB garante que "o regadio vai surtir mais efeitos"
nestes concelhos do que "em Penamacor e parte do Fundão, onde a
propriedade é muito pequena".
Naquela zona do regadio, chega a haver proprietários "com 40 a 50
parcelas de terreno espalhadas por vários locais e com uma área média
inferior a um hectare", lamenta aquele responsável.
A pulverização da terra trava projetos de maior rentabilidade e limita
a competitividade da fruticultura da região, pelo que Mesquita
Milheiro apela ao Governo para que volte a impulsionar iniciativas de
emparcelamento das terras.
A Cova da Beira é rica "em maçã, pêssego e cereja", destaca, sendo
que, tal como no resto do país, a maçã e a pêra foram as frutas a
registar maior crescimento nos últimos anos".
Apesar de não haver números, "constatamos que as áreas plantadas têm
estado a crescer", sublinha.
Para o presidente da ADACB, o impacto positivo do regadio será
notório, sobretudo, "dentro de quatro a cinco anos", depois de as
atuais plantações ganharem corpo.
Apesar dos sinais positivos no setor na Cova da Beira, Mesquita
Milheiro considera urgente criar entidades que regulem os preços da
fruta.
Segundo refere, "os agricultores são o elo mais fraco da estrutura
produtiva e as grandes superfícies ditam os preços ao setor, o que não
pode continuar".
O presidente da ADACB defende o avanço de iniciativas europeias para
"criação de uma entidade reguladora em cada país, que sirva de
mediador, de maneira a que os preços sejam mais equilibrados e evitar
que haja até preços impostos que estão abaixo do custo de produção",
concluiu.
@Lusa
http://noticias.sapo.pt/infolocal/artigo/1188819.html
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