sábado, 25 de junho de 2011

Arroz nacional em falta

Mercado: Portugal só produz metade do que consome
O arroz carolino absorve melhor os condimentos e tem um sabor mais
agradável, tornando os pratos mais apetitosos. Na gastronomia,
acompanha bem carnes, peixes e serve para fazer sobremesas. Talvez por
isso, Portugal seja o campeão europeu no consumo do cereal. Com 27 mil
hectares de campos de cultivo, em 2010 foram produzidas 160 mil
toneladas. Números que ficam abaixo das 300 mil toneladas consumidas
por ano, o que obriga o País a importar.
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Por:Gonçalo Silva / J.S.


O arroz carolino, nascido nos estuários dos rios Sado, Tejo e Mondego,
é um produto português e representa 90% do total da produção nacional.
"O produtor de arroz é hoje o agricultor mais evoluído tecnicamente.
Tem as máquinas mais avançadas e de maiores dimensões. Temos
capacidade de produção, assim haja condições. Só produzimos 50% do que
consumimos e temos todas as condições para aumentar a produção",
explicou Isménio de Oliveira, Coordenador da Associação Portuguesa de
Orizicultores (APO).
"Na região do Baixo Mondego, decorre um processo de emparcelamento
agrícola. Neste momento, está feito em grande parte da zona, mas nos
vales do Pranto e do Arunca [Baixo Mondego], em dois mil hectares,
esse trabalho ainda não aconteceu. Produz-se ali do melhor arroz
carolino da Europa. É um processo reclamado há vários anos, e há falta
de vontade política e de dinheiro", diz o coordenador da APO,
adiantando que "falta uma política de incentivo ao consumo nacional".
O ciclo de produção de arroz está no início. "Por esta altura, 90% das
sementes nasceram à primeira tentativa, o que é bom. Não me parece que
vá ser um ano mau", refere António Lima, produtor do Baixo Mondego.
"Hoje, as culturas são todas feitas com a ajuda de tractores e de
máquinas agrícolas, o que torna o trabalho mais leve", adianta,
fazendo notar que "há mais pessoas novas nos campos".
QUALIDADE DO PRODUTO É TESTADA
Dos campos, o cereal segue para a indústria. Todo o processo, desde a
descasca até ao embalamento, é realizado nas fábricas. Em Gatões,
Montemor-o-Velho, é "tratada" grande parte do produto produzido nos
campos do Baixo Mondego. Um dos processos a realizar é o controlo da
qualidade. O arroz é submetido a vários testes e processos que atestam
a qualidade do que segue para o mercado.
"SITUAÇÃO FAVORÁVEL A 0,30€/KG": Manuel Martinho, Cooperativa de
Montemor-o-Velho
Correio da Manhã – A cultura de arroz carolino é rentável?
Manuel Martinho – Os orizicultores acabam por ter subsídios. Contudo,
depende muito dos preços de mercado. Se os valores por quilo rondarem
os 0,30 euros, a situação é favorável.
– Qual é o apoio prestado pela cooperativa?
– Aconselhamos os nossos associados. Indicamos os tipos de tratamento
necessários às culturas, adquirimos e vendemos as sementes e prestamos
todo o acompanhamento técnico necessário a uma boa cultura.
– Que características tem o carolino?
– Tem uma muito especial: absorve melhor os condimentos na preparação
dos cozinhados. Acaba por ser mais agradável e torna os pratos mais
saborosos.
CEREAL DO TEJO VALE 15 MILHÕES POR ANO
A produção de arroz no vale do Tejo é obtida, na maioria, na Lezíria e
está centrada na actividade da Orivárzea, entidade que reúne cerca de
40 produtores. No conjunto, exploram cinco mil hectares. Com uma
facturação de 15 milhões de euros em 2010, a empresa não pára de
crescer desde que surgiu em 1999.
"Há 12 anos, a sua área de produção era de 800 hectares e facturava
cerca de 4 milhões de euros", referiu António Madaleno, presidente do
conselho de administração da empresa, que tem no mercado as marcas Bom
Sucesso, Belmonte, Baby Rice e Arroz Carolino das Lezírias
Ribatejanas.
A chave do sucesso da Orivárzea, que tem 30 funcionários, resulta de
um controlo desde a semente até à embalagem", referiu António
Madaleno. "Não compramos arroz a mais ninguém, factor que dá uma
grande margem de segurança alimentar", acrescentou o responsável pela
empresa, que produz 30 mil toneladas por ano.
PAPA PARA BEBÉS
A Lezíria é uma das poucas regiões do Mundo escolhida por
multinacionais como a Milupa e a Nestlé para adquirirem arroz para a
produção de papas para bebés. A escolha resulta do apertado controlo
no uso de pesticidas. Em Portugal, o arroz é embalado com a marca Baby
Rice e está homologado pela Direcção-Geral da Saúde.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=F214DB80-0CF2-472F-9A0F-F94C24E2FD90&channelID=00000009-0000-0000-0000-000000000009

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