sábado, 25 de junho de 2011

Vinhas: Podridão negra e míldio provocam prejuízos elevados no Dão

24-06-2011

O míldio e a podridão negra, duas agressivas doenças da vinha, estão a
provocar elevados prejuízos na região do Dão, com vinhedos em que a
destruição ultrapassa os 80 por cento, disse hoje à agência Lusa fonte
da comissão vitivinícola.
António Mendes, vogal para a produção da Comissão Vitivinícola
Regional do Dão (CVRD), explicou que nesta fase «ainda é cedo para se
ter uma ideia da dimensão dos estragos», mas frisou que, «em algumas
vinhas, a podridão negra devastou 80 a 90 por cento da produção»,
acrescentando que «convém ter em conta que há casos em que as vinhas
estão completamente limpas, sem qualquer impacto desta doença».
O também presidente da direcção da adega de Mangualde referiu que a
qualidade é igualmente muito afectada, aconselhando os produtores a
fazerem «uma boa selecção dos cachos menos tocados na altura das
vindimas».

A podridão negra é uma doença nova no Dão, onde foi detectada pela
primeira vez há seis anos, mas com actuação grave apenas há dois,
considerando João Paulo Gouveia, enólogo e professor de viticultura na
Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV), que «urge investigar o
surgimento desta doença na região».
«É uma doença que não tem tratamento curativo, podendo apenas ser
prevenida», disse João Paulo Gouveia, explicando que essa prevenção é
normalmente feita com cuidados nas chamadas intervenções em verde na
planta, nomeadamente arejar e permitir a entrada de luz na área dos
cachos.
João Paulo Gouveia, que integra a Confraria dos Enófilos do Dão, notou
ainda que o surgimento intensivo de doenças criptogâmicas como o
míldio deve-se à ausência, ou menor atenção com os tratamentos
químicos para um ano de condições climatéricas adversas, com chuva
intensa numa fase adiantada de maturação da uva.
«O míldio debilita a planta e, concomitantemente, este ano surgiu a
"black rot", que levou a uma situação muito desagradável, com uma
perda média que se pode estimar em mais de 35 por cento», adiantou.
O professor da ESAV sublinhou que as castas mais sensíveis à "black
rot" foram as mais devastadas, como é o caso do alfrocheiro e da tinta
roriz, duas das mais importantes da região, com situações de perda
«muito elevadas».
O problema com o míldio em conjugação com a "black rot" foi notado há
cerca de duas semanas, como contou à Lusa João Teixeira, produtor da
área de Silgueiros, sublinhando que «a conjugação do míldio com a
podridão negra não é, de todo, normal no Dão».
«É completamente atípica esta situação. Se o míldio não nos surpreende
e estamos, normalmente, preparados, já para a "black rot" ainda não
temos os radares devidamente afinados», visto que se trata de «uma
doença desconhecida no Dão até há muito pouco tempo», explicou este
produtor de Oliveira de Barreiros.
João Teixeira estima que as suas perdas se situem nos 35 por cento,
embora aponte o dedo essencialmente à "black rot" porque para o míldio
«estava atento», e foi a junção das duas que «trespassou a barreira
dos tratamentos» numa altura «de grande melindre para a vinha», que é
a fase de maturação em que esta se encontrava «na altura dos ataques».
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia40231.aspx

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