terça-feira, 21 de junho de 2011

INE: Aguaceiros de Maio atrasam sementeiras de Primavera e causam prejuízos

As previsões agrícolas do INE em 31 de Maio de 2011 apontam, apesar
dos atrasos verificados nas sementeiras de Primavera, para aumentos
das áreas de milho e girassol e para a manutenção das superfícies de
arroz, de tomate para indústria e de batata. A ocorrência de
aguaceiros muito localizados e de forte intensidade causaram estragos
principalmente nas culturas do tomate para indústria, hortícolas e
vinha. As perspectivas para a campanha cerealífera de Outono/Inverno
continuam a ser pouco animadoras, prevendo-se uma quebra generalizada
nas produtividades. Nos pomares de cerejeiras as quebras verificadas
nas variedades precoces estão a ser compensadas pelas variedades mais
tardias que apresentam aumentos de produtividade e melhor qualidade.


O mês de Maio foi o mais quente desde 1931, tendo-se observado duas
ondas de calor no Continente. A primeira ocorreu em meados do mês e
afectou o litoral Norte e Centro e ainda as regiões a Sul do Tejo,
seguindo-se outra no final do mês particularmente intensa nas regiões
do interior Norte. As condições meteorológicas foram muito instáveis,
com a ocorrência de aguaceiros localizados, por vezes fortes a muito
fortes, de granizo e acompanhados de trovoada, o que originou estragos
em muitas culturas agrícolas. As regiões do Sul, em particular o
Algarve, foram as mais afectadas pela ocorrência de precipitação
forte, enquanto no Norte e parte da região Centro o mês de Maio foi
consideravelmente mais seco.
As quedas de granizo afectaram, de um modo geral, as culturas
hortícolas, os pomares, as vinhas e os olivais um pouco por todo o
país, destacando-se os prejuízos causados pelas trombas de água
registadas nos vales do Tejo e do Sorraia, mas também no Alentejo, que
originaram o encharcamento dos terrenos, provocando a destruição de
áreas de tomate para indústria e também de pimento, milho e girassol.
Nos pomares, muitos frutos ficaram "tocados" e danificados, o que
provocou uma perda de qualidade da fruta, e consequente quebra no
valor comercial das produções.
A precipitação ocorrida condicionou ainda, na maioria dos casos, a
execução dos trabalhos agrícolas da época, designadamente o corte, a
secagem e o armazenamento das forragens, a preparação dos terrenos e
as sementeiras/plantações das culturas de Primavera, bem como a
realização dos tratamentos fitossanitários. De salientar ainda que as
condições meteorológicas, nomeadamente a conjugação de calor e
humidade, tem favorecido o desenvolvimento de pragas e doenças,
observando-se intensos focos de míldio na vinha, no tomate e na batata
e de oídio na vinha.
Por outro lado, as altas temperaturas e os valores de precipitação têm
proporcionado um óptimo desenvolvimento das pastagens, que ostentam
uma abundância de matéria verde que tem permitido excelentes condições
de pastoreio, encontrando-se a utilização de rações e de forragens
praticamente circunscrita às explorações leiteiras e de engorda de
novilhos.
Chuvas atrasam sementeiras de Primavera
As sementeiras de Primavera continuam muito atrasadas devido ao
excesso de precipitação, que encharcou os solos mais pesados e os
terrenos mais baixos, impossibilitado a normal realização dos
trabalhos e obrigando mesmo, em muitos casos, à sua interrupção. Deste
modo, e apesar das áreas semeadas serem neste momento inferiores às de
2010 e da dificuldade de muitos produtores agrícolas em preverem a
evolução da situação, uma vez que a decisão de prosseguirem com os
trabalhos de sementeira está, entre outras razões, muito dependente da
capacidade de drenagem dos solos, as actuais previsões apontam, em
consequência das boas disponibilidades hídricas, para um ligeiro
aumento da área de milho de regadio (5%) e para a manutenção da
superfície de arroz.
Chuvas de Maio causam prejuízos no tomate para a indústria
A actual campanha é a última em que se aplica a ajuda transitória ao
tomate para transformação, que culminará no próximo ano com a
integração total deste apoio no RPU. A manutenção deste regime
transitório contribuiu para a renovação dos contractos entre as
indústrias transformadoras e as organizações de produtores de tomate,
devendo as áreas contratadas rondar os 17 mil hectares em 2011.
Como tem vindo a ser amplamente divulgado, as chuvas de Maio causaram
grandes prejuízos nas searas de tomate, obrigando mesmo à replantação
de muitas áreas. O considerável atraso nas plantações, que se
estenderão até meados de Junho, traduzir-se-á seguramente no
alargamento do período de colheita, com todos os inconvenientes que
isso acarreta, quer ao nível do abastecimento das fábricas, quer em
relação às perspectivas de produtividade. De facto, enquanto que nas
primeiras plantações é notório o efeito negativo da asfixia radicular
e dos intensos ataques de míldio, nas mais recentes as preocupações
incidem nos danos que as elevadas temperaturas de Agosto possam causar
durante a floração. De forma a minimizar eventuais riscos, as
organizações de produtores solicitaram a prorrogação do prazo dos
seguros de colheita para 15 de Outubro.
Superfície de girassol aumentou 5%
Apesar da cessação em 2010 do benefício de isenção parcial do imposto
sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP) concedido aos
biocombustíveis substitutos dos combustíveis fósseis, a superfície de
girassol registou um aumento de 5%, sendo que algumas das áreas estão
contratualizadas com a indústria de óleos alimentares.
Área de batata de regadio sem alteração
As condições meteorológicas e do solo registadas em Abril permitiram a
recuperação dos atrasos na plantação de batata de regadio em diversas
zonas onde esta cultura assume uma importância mais relevante,
nomeadamente em Trás-os-Montes e no Oeste, prevendo-se a manutenção da
área, face a 2010.
Perspectivas pouco animadoras nos cereais de Outono/Inverno
O prolongado encharcamento a que os solos estiveram sujeitos ao longo
da maior parte do Inverno alargou o período de sementeiras dos cereais
de Outono/Inverno e condicionou o desenvolvimento vegetativo destas
culturas. Muitas searas apresentam um fraco aspecto vegetativo,
resultado da asfixia radicular e da ausência, ou da realização tardia,
de adubações de cobertura. O encharcamento dos solos dificultou também
a aplicação de herbicidas o que conduziu a um grau de infestação muito
elevado. De salientar ainda que as fortes precipitações e a queda de
granizo provocaram a acama de algumas searas e o ressurgimento de
infestantes, que certamente irão atrasar algumas debulhas e
inevitavelmente diminuir as produtividades. Desta forma prevê-se, com
excepção do centeio, quebras nos rendimentos unitários dos cereais
praganosos de 10% para o trigo mole, trigo duro, triticale e cevada,
enquanto para a aveia o decréscimo deverá rondar os 5%.
De salientar que o preço dos cereais no mercado internacional tem
registado uma grande volatilidade devido à incerteza da oferta em
alguns dos principais países produtores.
Ligeira quebra na produtividade da batata de sequeiro
As condições meteorológicas foram muito propícias aos ataques de
míldio e alternariose na batata, verificando-se alguns prejuízos em
batatais instalados em solos mais pesados, onde não foi possível
efectuar os tratamentos fitossanitários oportunos. Desta forma, a
produtividade da batata de sequeiro deverá registar um ligeiro
decréscimo de 5%, face a 2010.
Quebras nas variedades precoces de cereja são compensadas pelos
aumentos de produtividade das mais tardias
As variedades mais precoces de cereja, principalmente a Burlat, foram
afectadas negativamente pela precipitação ocorrida desde o final do
mês de Abril, que originou o fendilhamento de muitos frutos, levando
ao abandono da colheita devido ao baixo poder de conservação e à
consequente quebra dos preços. Contudo a qualidade e a produtividade
das variedades intermédias (Brooks, Prime Giant e Summit) têm
compensado estas quebras, estando a ser comercializadas sem
dificuldades, embora por valores inferiores às expectativas de muitos
produtores. Tendo em consideração estes factores prevê-se um aumento
da produtividade da cereja na ordem dos 30% face ao ano anterior,
embora aquém da média do último quinquénio.
Em contrapartida, os pomares de pessegueiros e as vinhas para uva de
mesa não apresentam condições potencialmente favoráveis ao aumento da
produtividade, face a 2010.
Climatologia em Maio de 2011
Segundo o Instituto de Meteorologia, os valores em percentagem de água
no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, na
1ª década de Maio eram superiores a 60% em quase todo o território
(excepto na parte sueste do Continente). No entanto, na 2ª década,
devido às elevadas quantidades de precipitação que ocorreram na região
Sul, a percentagem de água no solo, aumentou nessa região, voltando a
diminuir na 3ª década do mês em quase todo o território.
Fonte: INE
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/06/21l.htm

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