sexta-feira, 24 de junho de 2011

Floresta ardida mais que duplicou este ano

Incêndios: Vaga de calor até 40º é o primeiro teste da época aos bombeiros
A vaga de calor, que nalgumas regiões atingirá os 40 graus nos
próximos dias, é o primeiro grande teste do ano no combate aos fogos.
Isto numa altura em que o número de incêndios e a área de floresta e
mato destruída registam já um aumento significativo em relação a 2010.
Os dados mais recentes da Autoridade Florestal Nacional (AFN) indicam
que o total ardido é superior à média dos últimos dez anos.
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Por:Carlos Ferreira / L.O.


O relatório de Junho da AFN, que faz o balanço de 1 de Janeiro a 31 de
Maio, revela que o número de fogos quase duplicou (+90,5%) e a área
ardida aumentou duas vezes e meia (+145%). Ou seja, houve mais 1747
incêndios e o terreno queimado foi superior em 3999 hectares. Estes
dados, a par da restruturação da Protecção e Socorro, estão a
preocupar os bombeiros, cuja Liga reuniu o Conselho Nacional ontem, em
Ourém, para discutir a adopção de medidas - entre elas o fim dos GIPS
da GNR - que evitem o desperdício e a duplicação de meios (ver caixa e
página 51).
A AFN destaca que, comparando "os registos do corrente ano com os
valores médios do decénio anterior, registaram-se menos 479
ocorrências (-11%), tendo, contudo, ardido mais 945 hectares de
espaços florestais (+16%)". O distrito do Porto registou o maior
número de ocorrências e os distritos de Viana do Castelo, Vila Real e
Braga contabilizaram no conjunto mais de metade do total da área
ardida.
O mês de Abril foi o que registou os piores resultados, ultrapassando
as médias do último decénio em número de incêndios e de área ardida.
Esta mais do que duplicou. Os reacendimentos também subiram bastante,
de uma média de 85 entre Janeiro e Maio dos anos anteriores para 200
este ano.
A AFN destaca as temperaturas elevadas, sobretudo em Maio - os valores
mais altos desde 1931, segundo o Instituto de Meteorologia - para
salientar que, apesar disso, neste mês a área ardida foi inferior à
média, embora o número de fogos tenha passado de 185 para 813.
COMBATE COM MEIOS REDUZIDOS
O combate aos fogos conta este ano com 41 meios aéreos e 9210
elementos na fase Charlie, a mais crítica, uma diminuição em relação a
2010 devido à "contenção da despesa pública". O dispositivo é
constituído, entre 1 de Julho e 30 de Setembro, por 34 helicópteros
médios e ligeiros para ataque inicial, cinco helicópteros pesados e
dois aviões médios anfíbios. Os meios terrestres foram reduzidos entre
3% e 8%, conforme a fase. Em 2010, estiveram operacionais na fase
Charlie 9985 elementos, 2177 veículos e 56 meios aéreos. Entretanto, a
crise que afecta as empresas e os quadros no limite levam a que menos
patrões deixem sair do trabalho os bombeiros voluntários. "É um
problema novo que em algumas situações vai afectar a
operacionalidade", afirmou ao CM Fernando Farreca, comandante dos
Bombeiros Voluntários de Oliveira de Frades, explicando: "Numa altura
em que o desemprego alastra, os que têm um trabalho não estão para o
pôr em causa para ir apagar fogo."
PEDIDA EXTINÇÃO DOS GISP/GNR
Jaime Soares, dirigente da Liga dos Bombeiros Portugueses e
responsável da Associação Nacional de Municípios pela Protecção Civil,
defendeu ontem a extinção do Grupo de Intervenção Protecção e Socorro
(GIPS) da GNR. São uma estrutura que "nem a própria GNR pediu" e que,
"se lhes perguntassem, prescindiam dela", disse.
TEMPERATURAS SOBEM A PIQUE
As temperaturas vão ter um aumento acentuado até domingo, podendo
oscilar entre os 35 e 40 graus, em particular nas regiões de Lisboa e
Vale do Tejo e Alentejo. As temperaturas mínimas serão superiores a 20
graus. O risco de incêndio abrange todo o País. A exposição solar deve
limitar-se aos períodos antes das 11h00 e após as 17h00.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/noticias/nacional/portugal/floresta-ardida-mais-que-duplicou-este-ano

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