Beiras: Produção deverá aumentar este ano em quatro distritos
Uma maçã distingue-se sobretudo pelo sabor ao mastigar, mas a bravo de
Esmolfe reconhece-se primeiro pelo aroma – liberta um perfume
inconfundível.
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Por:Luís Oliveira
É um fruto produzido numa área protegida dos distritos de Viseu,
Guarda, Castelo Branco e Coimbra, e tem características únicas,
resultado dos solos férteis em potássio das Beiras e do contraste
entre o frio intenso do Inverno e o calor forte do Verão. Os
fruticultores da região esperam colher este ano 4500 toneladas de
maçã, que vendem a um euro por quilo – o consumidor final chega a
pagar o dobro.
Esta variedade de maçã surgiu no século XVIII, na aldeia de Esmolfe,
Penalva do Castelo, distrito de Viseu. De acordo com vários
historiadores, foi obtida a partir de uma árvore proveniente de
semente. Três séculos volvidos, mantém intactas as suas
características mas, por não ser promovida, é desconhecida em algumas
zonas do País e não consegue penetrar no mercado internacional.
"É uma pena, mas infelizmente muitas pessoas no País nunca comeram uma
maçã bravo de Esmolfe", lamenta Leonídio Monteiro, presidente da
Câmara Municipal de Penalva do Castelo (ver entrevista). Este fruto é
uma mais-valia para centenas de agricultores das Beiras e um bom
complemento à produção do vinho. Em 2010, foram colhidas 2329
toneladas de maçã bravo de Esmolfe, 329 toneladas das quais
certificadas.
Belarmino Alves, presidente da FELBA – Promoção das Frutas e Legumes
da Beira Alta, espera que este ano seja "de excelente produção" em
qualidade e em quantidade. Prevê-se uma receita no produtor a rondar
os quatro milhões de euros.
VENDA À ENTRADA DO POMAR
Abel Marques, de 53 anos, residente em Esmolfe, Penalva do Castelo,
trabalha na produção da maçã desde os 16. "É uma fruta procurada por
muitas pessoas", afirma o fruticultor, proprietário de 2500 árvores de
maçã bravo de Esmolfe, que no ano passado produziram 35 toneladas.
Abel Marques vende a maçã directamente ao cliente à entrada do pomar e
a um preço que oscila entre os 80 cêntimos e um euro o quilo –
"depende do calibre". Mas grande parte da produção deposita-a na Adega
Cooperativa de Mangualde. O agricultor queixa-se que o preço a que
vende o fruto "não acompanha a subida dos custos de produção".
PRODUTORES DIZEM QUE OS PREÇOS SÃO INJUSTOS
A FELBA – Promoção das Frutas e Legumes da Beira Alta é a organização
que controla a produção, certificação e comercialização da maçã bravo
de Esmolfe. É uma associação que agrupa as adegas cooperativas de
Mangualde, Távora, Beira Alta, Vale Varosa, Soma, Frutas Cruzeiro,
Frucer e Fenafrutas.
"Os fruticultores pedem ajuda na promoção de um fruto que é bom e rico
para a saúde e não consegue entrar no mercado das exportações",
lamenta Belarmino Alves, presidente do conselho de administração da
FELBA. Este engenheiro garante que os fruticultores que produzem maçã
bravo de Esmolfe têm de cumprir "um rigoroso caderno de encargos".
"Têm de respeitar as normas de produção e garantir a qualidade do
fruto", adianta o responsável, que tece duras críticas à falta de
regulação do mercado, devido à diferença de preços no produtor e no
consumidor. "Tem de haver mudanças porque não é justo que o produtor
venda a maçã à média de um euro por quilo e depois apareça nos
supermercados a dois ou dois euros e meio", salienta Belarmino Alves.
DISCURSO DIRECTO
"FRUTICULTURA É UMA BOA OPORTUNIDADE": Leonídio Monteiro, Pres. da
Câmara de Penalva do Castelo
CM – Qual a importância da produção da maçã bravo de Esmolfe para o concelho?
Leonídio Monteiro – É uma mais valia económica para Penalva e uma
importante fonte de rendimento para muitos agricultores.
– Porque é que a maçã não é muito conhecida?
– Infelizmente, não é muito conhecida. Há poucos dias estive a falar
com uma mulher de Portimão, por causa de um livro que a câmara
promoveu sobre a maçã, e ela disse que nunca tinha comido tal fruto.
– E porque é que não entra no mercado das exportações?
– Por falta de promoção. Espero que num curto prazo a nossa magnífica
maçã seja conhecida em vários locais do Mundo.
– Há jovens a querer produzir maçã bravo de Esmolfe?
– Infelizmente, os jovens não têm interesse pela agricultura. É pena
porque o sector é uma boa oportunidade.
http://www.cmjornal.xl.pt/noticia.aspx?contentID=00C1542D-1CB7-4670-A553-5B0BFB1F3F86&channelID=00000011-0000-0000-0000-000000000011
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