Dispositivos disparam noite e dia prejudicando o descanso e o trabalho
O ruído das bombas de espantar pássaros nos arrozais próximos de
Benavente e Samora Correia está a deixar alguns populares à beira de
um ataque de nervos. A câmara municipal, que já tem várias queixas,
apela ao bom senso e lembra que existe um regulamento do ruído para
ser cumprido.
Muitos moradores de Benavente e Samora Correia estão revoltados com os
agricultores que fazem disparar "a toda a hora, mesmo durante a noite"
bombas para espantar os pássaros dos arrozais. As queixas não param de
chegar à câmara municipal, que pede "bom senso" aos agricultores e
lembra que existe um regulamento de ruído para ser respeitado.
Para os agricultores que por esta altura semeiam arroz, os pássaros
são um problema. "Tentam caçar as sementes e causam-nos um grande
prejuízo. A maioria das vezes os agricultores não têm outra forma de
espantar os bichos", confessa o agricultor Rogério Apegoa a O MIRANTE.
Para evitar as aves muitos agricultores recorrem a bombas próprias que
provocam muito ruído. "É a toda a hora. Não se aguenta. Como são áreas
muito grandes os agricultores espalham muitas bombas. Quase de cinco
em cinco minutos oiço um rebentamento. Estou no trabalho e oiço isto
todos os dias", critica Aurélio Pinto, morador de Benavente.
Em Samora Correia o cenário é semelhante. Dora Monteiro reside próximo
do rio Sorraia e não sabe o que é ter uma noite descansada há quase
uma semana. "É a noite toda a ouvir os disparos. Já falei com a junta
e a câmara mas eles dizem que não podem fazer nada. A GNR diz-me o
mesmo. Mas alguma coisa tem de ser feita porque não vou ficar sem
dormir até que acabe a época do arroz", critica.
O presidente da Câmara Municipal de Benavente, António José Ganhão,
garante que tem conhecimento da situação e confirma que têm chegado
queixas de vários moradores. "Também no meu gabinete oiço as bombas
durante o dia. Se os rebentamentos continuarem durante a noite as
pessoas da parte velha da vila vão começar a sentir-se perturbadas",
reconheceu.
Para o presidente vive-se perante um "problema novo" que ainda carece
de enquadramento nas câmaras municipais. De qualquer forma existe já
um regulamento do ruído que deve ser cumprido, avisa. "Temos de apelar
à sensibilidade dos agricultores no sentido de evitar que estes
rebentamentos se façam durante a noite porque perturbam a
tranquilidade e o sossego dos cidadãos de Samora Correia e Benavente.
Tem que haver bom senso", defende.
A Inspecção-Geral do Ambiente e do Ordenamento do Território, as
comissões de coordenação e desenvolvimento regional, as câmaras
municipais e as autoridades policiais são algumas das entidades que
têm competência para fiscalizar e actuar nestas situações. "Não
consigo perceber como é que um agricultor pode ir dormir descansado
sem pensar que aquele aparelho perturba a vida a milhares de pessoas",
aponta Nuno Reis, morador de Samora a O MIRANTE.
Na vila de Benavente outro residente, Célio Casquinha, critica as
autoridades. "É preciso ir ao terreno investigar. Qualquer dia disparo
um canhão na minha fazenda a meio da noite e argumento que tenho um
campo de arroz", ironiza. Contactada pelo nosso jornal a Guarda
Nacional Republicana garante que vai investigar o assunto.
http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=501&id=75588&idSeccao=8181&Action=noticia
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