quarta-feira, 22 de junho de 2011

G20 Agrícola: Difícil o consenso sobre volatilidade de preços agrícolas

Bruno Le Maire, ministro francês da Agricultura (Foto: AFP, Lionel Bonaventure)

Os ministros da Agricultura do G20 reúnem-se esta quarta e
quinta-feira em Paris para negociar um acordo sobre a volatilidade dos
preços dos produtos agrícolas, um compromisso difícil de obter para as
vinte maiores economias do planeta, isto apesar de países como o
Brasil e a Argentina já terem anunciado que são contrários a um
controle de preços.

"Será difícil chegar a um acordo enquanto as diferenças continuarem a
ser profundas" (entre os membros do G20), adverte o ministro francês
da Agricultura, Bruno Le Maire.
A França, que preside temporariamente ao G20, quis colocar pela
primeira vez a agricultura na agenda dos países mais avançados, com o
objectivo de colocar em marcha uma nova governança mundial nesse
sector "estratégico".
O assunto torna-se mais urgente, já que as matérias-primas agrícolas
mantêm uma tendência de alta há vários meses, enquanto 900 milhões de
pessoas estão a passar fome.
O primeiro objectivo é acalmar esta volatilidade "excessiva" para
evitar novos tumultos de fome como os que ocorreram em 2007 e 2008,
quando os preços dos produtos dispararam.
Mas no plano de acção de cinco pontos adiantado pela presidência
francesa, algumas propostas sufocaram.
Apesar de um consenso sobre a necessidade de retomar os investimentos
na agricultura para aumentar a produção - sobretudo nos países em
desenvolvimento - ser possível, não o é no caso da transparência dos
mercados agrícolas, defendida também por Paris.
A regulação dos mercados é outro assunto sensível, sobretudo para os
países emergentes, nos quais a agricultura é um sector essencial.
Brasil e Argentina, dois pesos pesados do sector agroalimentar, chegam
a Paris com a clara intenção de se opor a qualquer tentativa de impor
um controle de preços, lembrou a delegação argentina.
Por sua vez, as Organizações Não-Governamentais (ONG) lamentam a
ausência de propostas sobre a constituição de stocks para regular os
preços, assim como sobre os biocombustíveis, acusados de competir com
a alimentação.
Neste último ponto, "o assunto não está maduro", disse Bruno Le Maire.
Estados Unidos e Brasil, grandes produtores de biocombustíveis, estão
reticentes quanto a limitar essa actividade.
"Reunir-se o G20 para definir a situação da segurança alimentar é um
progresso maior", estimou o secretário americano de Agricultura, Tom
Vilasack, há alguns dias.
"O nosso objectivo é reduzir a fome no do mundo aumentando a
disponibilidade e o acesso aos alimentos", completou.
Segundo ele, "também é importante que aproveitemos esta ocasião (...)
para melhorar a transparência dos mercados e acabar com práticas que
distorçam o mercado".
A Índia "discutirá os meios para aumentar a produção agrícola,
melhorar a coordenação ao nível mundial e identificar os métodos para
diminuir a volatilidade dos preços", declarou por sua vez à AFP um
responsável do Ministério indiano da Agricultura.
Mais de dois terços dos 1,1 mil milhões de habitantes da Índia
trabalham na agricultura, um sector económico essencial que representa
15% do PIB.
Fonte: AFP
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/06/22h.htm

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