quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pêra Rocha do Oeste é o fruto português mais exportado

Junho 22nd, 2011 Sem Comentários
Torres Paulo, presidente da associação de produtores
A fileira da pêra rocha constitui um dos sectores exportadores mais
importantes da região Oeste. "Se é a banca que nos bate à porta a
oferecer crédito é porque somos estáveis e temos credibilidade",
afirma Torres Paulo, presidente da Associação Nacional dos Produtores
de Pêra Rocha (ANP), que vê o sector consolidado e com perspectivas de
crescimento.

Apesar da crise, o comportamento das vendas na última campanha "foi
bom a nível de mercados externos e o consumo nacional de pêra rocha
está em contínuo crescimento", refere.
Segundo a ANP, no ano passado a produção atingiu as 171 mil toneladas,
das quais exportou 80 mil toneladas. A grande fatia do mercado
nacional são as médias e grandes superfícies (64%), destinando-se 19%
à indústria, sobretudo a dos sumos. A campanha deste ano, que arranca
em Agosto, apresenta uma estimativa de aumento da produção e das
exportações.
O dirigente está convicto de que o número de pomares pode aumentar sem
que existam problemas de escoamento deste fruto unicamente produzido
em Portugal devido às características climatéricas, impedindo a
concorrência estrangeira. O domínio dos circuitos de comercialização
através do marketing e publicidade tem também explicado o sucesso do
volume de exportações.
O maior obstáculo é "a falta de água para regar os pomares", mas
Torres Paulo, que dirige igualmente a central fruteira Frutus, no
Cadaval, recomenda a actividade aos jovens, futuros empresários e
produtores. "Portugal está num momento de viragem, em que todos
assumimos que é essencial preferirmos os produtos portugueses em
detrimento dos importados, para que haja criação de emprego. Contamos
com mais este motivo para o aumento do consumo da pêra rocha",
sustenta.
José Martino, engenheiro agrónomo, faz as contas: "80 mil toneladas de
pêras exportadas representam 150 milhões de euros, o que dá um preço
médio de 1,875 €/kg. Por outro lado, as 91 mil toneladas vendidas em
Portugal representam 50 milhões de euros, o que equivale a um preço
médio de 0,6 €/kg. Um pericultor, por mais fraco que seja, pode
receber mais de vinte mil euros por hectare".
"Estes números impressionam e fazem da cultura da pêra rocha uma das
actividades mais rentáveis de Portugal. Os pericultores em escasso
número de anos, com este nível de rendimento, podem ficar ricos",
sustenta José Martino, que faz uma alusão à "árvore das patacas" para
classificar a importância dos pomares de pêra rocha no Oeste.
António Sousa, produtor de pêra rocha em Alcobaça, não entra na mesma
euforia, fazendo notar os custos de produção. "A haver grandes
rendimentos só se for para as grandes superfícies e eventualmente para
alguns exportadores. Agora o pequeno produtor conta os cêntimos que
ganha", assegura.
Torres Paulo também é cauteloso, embora admita a relativa "riqueza"
que representa a pêra rocha no contexto do sector agrícola.
Fruta saudável e pedagógica
As peras são consideradas a fruta por excelência para todas as faixas
etárias, desde a idade dos bebés. É o fruto ideal para introduzir
nestes futuros adultos o salutar hábito de proteger o corpo com
alimentos saudáveis. As crianças têm natural preguiça em descascar
fruta. As garantias do modo de produção da pêra rocha do Oeste também
permitem ultrapassar esta aversão dos jovens e de alguns adultos, e
assim usufruir das qualidades dietéticas suplementares da epiderme
exterior bem como das camadas imediatamente subjacentes deste fruto.
Com a certificação que lhe está atribuída, o consumidor tem a garantia
de segurança alimentar e da qualidade intrínseca de cada fruto. Esta
garantia permite aproveitar todo o fruto, inclusive a casca, muito
rica em fibras, bem como as camadas imediatamente interiores, que são
as mais ricas em compostos extremamente benéficos.
Usualmente os jovens preferem-no mais "crocante", isto é, com uma
textura mais firme, enquanto as pessoas de mais idade preferem os
frutos mais "fundentes", com mais aroma, sabor e sumo – ou seja, mais
maduros.
A polpa desta pêra é fina, macia e aromática. De casca rija e
resistente, não precisa dos tratamentos a que são sujeitas as
restantes variedades. A pêra rocha pode ser consumida fresca, após
processamento (em calda ou cozida) ou como ingrediente de variados
pratos.
Mas o exemplo vem de fora – os ingleses até fazem sandes de pêra rocha do Oeste.
O ciclo da pêra rocha
Enquanto a maior parte dos portugueses está de férias, os
fruticultores efectuam a colheita da pêra rocha em Agosto, com ajuda
de jovens (custo da mão-de-obra: 0,06 €/kg).
Após a colheita, as peras são de imediato conservadas em frio.
Posteriormente são escolhidas, embaladas e colocadas à disposição do
consumidor (custo da mão de obra: 0,06 €/kg).
O período de venda decorre desde 15 de Agosto até finais de Maio do
ano seguinte.
De Junho a inícios de Agosto não há pêras rocha, pelo que a
alternativa são outras variedades de pêra. Mas a situação tem
tendência a mudar, com o aumento da capacidade de armazenamento em
atmosfera controlada, o que permite manter a fruta fresca e saborosa
tal como foi apanhada.
Ao longo do ano, a venda de pêra rocha no produtor pode ir dos 0,30
euros aos 0,50 euros cada quilo. Venda ambulante: 0,80 a 1,20 euros
Grandes superfícies: 1,20 a 2 euros
Outras utilizações da pêra
Para além de poder ser comida, a pêra rocha pode ser bebida, quer
através de néctares, de sumos ou de licores
É uma fruta excelente para ser consumida como sobremesa ou entre
refeições. A imaginação de muitos reputados cozinheiros e donas de
casa tem criado outros modos de a consumir, quer nas saladas quer na
doçaria, quer como acompanhamento de diversos pratos, nomeadamente os
de caça.
Pêra com chocolate e pêra cozida em vinho tinto com especiarias são
duas sobremesas comuns e bastante apreciadas. Em termos de pratos
principais, a pêra combina especialmente bem com os de caça.
A pêra bêbeda é cozida em vinho tinto, açúcar, paus de canela e limão.
O sabor é dado pela calda que envolve a pêra.
A compota de pêra é feita de maneira artesanal por Amélia Simão,
doceira da aldeia do Carvalhal, no concelho do Bombarral.
A tarte de pêra rocha foi criada em 1998, com incentivo da ANP, com
intenção de divulgar o fruto.
Os Doces e Licores d' Amélia utilizam a fruta fresca e sem adição de
corantes nem conservantes para fazer licor.
A marca Compal utiliza a pêra rocha desde 1956, na sua referência "Clássico".
Francisco Gomes (texto)
Carlos Barroso (fotos)
http://www.jornaldascaldas.com/index.php/2011/06/22/pera-rocha-do-oeste-e-o-fruto-portugues-mais-exportado/

Sem comentários:

Enviar um comentário