segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Agricultura

14/11/11 00:03 | João Marques de Almeida
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A visão da agricultura como uma actividade de subsistência e do
passado e o consequente abandono das terras foram duas das
consequências mais nefastas do modelo de desenvolvimento económico
adoptado pelo nosso país nas últimas décadas.
Como resultado da crise, esta visão começa a mudar. As dificuldades
levam a dar valor ao que se tem. Na actual situação, Portugal não se
pode dar ao luxo de desperdiçar as suas terras. Além disso, é
fundamental olhar para a agricultura como uma actividade de futuro e
empresarial.

Para se perceber como a agricultura é uma actividade de futuro, basta
olhar para o que se passa no mundo. Há duas tendências que irão
alterar radicalmente o mundo e a economia global: o crescimento das
classes médias e o aumento das populações urbanas. Segundo o Banco
Mundial, durante a próxima década, "a classe média global" irá crescer
de 440 milhões para 1.2 biliões de pessoas. Grande parte do
enriquecimento que permitirá passar da pobreza à classe média ocorrerá
na Ásia. Esta transformação irá provocar igualmente um crescimento nas
populações urbanas. De acordo com estudos recentes, prevê-se que em
2025, 57% da população mundial viva em cidades.
Num mundo com mais classe média e com mas população urbana, a produção
agrícola terá necessariamente que aumentar. O Banco Mundial estima que
em 2030, a procura por alimentos crescerá cerca de 50%. Quando se
chega à classe média come-se mais e de um modo diferente. As
alterações nos hábitos alimentares abrem oportunidades económicas à
agricultura portuguesa. As novas classes médias asiáticas,
sul-americanas e africanas vão querer consumir produtos que se
produzem com qualidade na Europa do sul, e em Portugal, como por
exemplo vinho e azeite, entre outros produtos. A globalização do
consumo do azeite e do vinho vai estimular a produção e as exportações
portuguesas.
Há igualmente condições para se investir na agricultura. A Comissão
Europeia facilitou a utilização dos fundos europeus para investimentos
com o objectivo da fazer crescer a economia nacional. O Banco Europeu
de Investimento também oferece apoios ao investimento a pequenas e
médias empresas agrícolas. Simultaneamente, o projecto do Banco das
Terras poderá estimular o investimento de trabalho e de capital na
agricultura. É essencial avançar rapidamente com o Banco. E o Estado
deveria dar o exemplo, permitindo a rentabilização das suas
propriedades rurais abandonadas.
Se for capaz de desenvolver uma visão estratégica para o sector e de
colocá-lo a contribuir para o crescimento económico do país, este
governo pode provocar uma verdadeira revolução na agricultura
nacional.
____
João Marques de Almeida, Professor universitário
http://economico.sapo.pt/noticias/agricultura_131239.html

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