domingo, 13 de novembro de 2011

"O pão atravessa a nossa história": este museu prova-o

NOVEMBRO: MÊS DA ALIMENTAÇÃO E BEBIDAS
por RUI MARQUES SIMÕESHoje

Na Serra da Estrela vive o único museu nacional dedicado ao pão. Está
à beira do 10.º aniversário e domilhão de visitantes
O pão, base da alimentação nacional, pode também ser um tema cultural.
E não lhe basta uma exposição: é a personagem principal de um museu.
Em Seia, da união de um grupo de professores e investidores, nasceu o
Museu Nacional do Pão. Foi em 2002. E, de lá para cá, a cidade beirã
(do distrito da Guarda) tornou-se local de romaria.
No princípio, já era o pão. "O museu abriu ao público em 2002. Mas a
empresa Bamaq, que está por trás da marca, já tinha aberto antes e
produzia produtos regionais, incluindo o pão, a broa e o centeio da
região. Paralelamente a essa produção, iniciou o sonho de criar um
museu dedicado ao pão, algo que não existia em toda a Península
Ibérica", lembra a directora do espaço, Laura Quaresma, em declarações
ao DN.

O museu lá nasceu, estendendo-se por 3500 metros quadrados de um
edifício característico da região. E foi cativando cada vez mais
visitas. Já vai nas 970 mil (média de cerca de 110 mil por ano) e, a
este ritmo, espera receber o histórico visitante "um milhão" lá para
Fevereiro de 2012 - uma maneira diferente de começar a celebrar o 10.º
aniversário.
Contudo, como se justifica a ideia de ter um museu exclusivamente
dedicado ao pão? Simples, explica Laura Quaresma: "O pão atravessa a
história. Não há região que não o tenha nem país onde não seja
importante. O pão faz parte de todos os portugueses."
Ora, para perceber a importância do pão - nas mais diversas áreas -,
nada como visitar o museu. Há quatro salas. No início, está a do Ciclo
do Pão, onde três mós recebem o visitantes, mostrando a fase inicial -
a moagem do cereal - e depois todo o processo de feitura do alimento.
Depois, salta-se para a Sala do Pão Político, Social e Religioso, onde
- com documentos e artefactos antigos - se conta a relevância do
cereal para a evolução do país, desde 1640 até ao 25 de Abril de 1974.
Segue-se a Sala da Arte do Pão, onde ele serve de molde para as mais
variadas expressões artísticas. Há ainda exemplares de pão de todas as
regiões do país. E, até final do mês, andarão por lá os bustos de
todos os Presidentes da república desenhados em massa-pão.
A visita fecha com a Sala Pedagógica, a preferida das crianças -
público mais apaixonado pelo museu. Lá podem brincar, viver de perto a
cozedura do pão e até criar e levar para casa uma recordação de
massa-pão. Em volta há todo o núcleo comercial que dá sustentabilidade
económica ao museu: bar/biblioteca, restaurante, padaria e mercearia
antiga.
De resto, acima de tudo, o museu é dos visitantes, o "público bastante
heterogéneo" que lhe dá vida e movimento. Laura Quaresma lembra,
emocionada, como é bom sentir que aquele local "toca as pessoas": faz
os mais idosos sentirem nostalgia de outros tempos e os mais novos -
"que querem sempre voltar para uma nova visita" - terem vontade
aprender. E recorda até como alguns oferecem peças que vêm completar
as diversas colecções do museu.
Hoje, até já há outro espaço semelhante na Península Ibérica (em
Valladolid, Espanha), mas continuam a ser poucos os núcleos
museulógicos do género no espaço europeu. Por isso, o de Seia ainda
faz a diferença. Ainda para mais, na região serrana, "onde é uma
importante mais-valia", frisa Laura Quaresma.
Assim, a direcção vai continuar a investir no melhoramento do espaço.
"Tudo o que conseguimos é reinvestido", garante a responsável. E o
próximo objectivo "é alargar e melhorar a sala pedagógica", para
cativar ainda mais as crianças. A razão é a mesma de há quase 10 anos:
"É sempre a pensar no público que trabalhamos todos os dias", remata
Laura Quaresma.
http://www.dn.pt/especiais/interior.aspx?content_id=2119482&especial=Made%20in%20Portugal%20-%20M%EAs%20da%20Alimenta%E7%E3o%20e%20Bebidas&seccao=ECONOMIA&page=-1

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