07-09-2011
Os produtores de milho receiam que uma providência cautelar que os
impede de utilizar a unidade de secagem da Agromais em Riachos, Torres
Novas, quando decorre a colheita deste cereal, cause «graves
prejuízos» num momento de grande dificuldade da economia.
Mário Antunes, da Agrotejo, União Agrícola do Norte do Vale do Tejo,
disse ontem à agência Lusa que cada dia de impedimento de recorrer à
maior unidade de secagem da Península Ibérica, com uma capacidade de
recepção de 1.200 toneladas por dia, provoca «gravíssimos prejuízos»,
colocando em risco «a sobrevivência de muitas famílias de
agricultores».
Segundo Mário Antunes, num ano que se prevê ser o da maior campanha de
milho de sempre, o impedimento de utilização desta unidade deixa os
produtores muito preocupados.
Em causa está um procedimento judicial interposto por um proprietário
que confina com a unidade de secagem da Agromais, localizada na zona
industrial de Riachos, que invoca «direitos de personalidade», que têm
a ver com questões de bem-estar e de saúde, devido às poeiras
alegadamente emitidas, disse.
Esta diligência já ocorreu em anos anteriores, mas Mário Antunes
sublinha que foi ultrapassada e não coincidiu com um momento como
este. «Cada dia que passa, o problema é maior», restando aos
agricultores «confiar» que o Tribunal tome «uma decisão coerente e
rápida», afirmou.
O dirigente da Agrotejo sublinha que esta é região do país com maior
concentração de produção de milho a nível nacional, pelo que as outras
unidades de secagem existentes não são suficientes para dar resposta.
Informou que, quando colhido, o milho apresenta níveis de humidade
superiores aos exigidos para conservação, pelo que tem que passar por
um processo de secagem.
Mário Antunes afirmou que a Agromais, que está certificada em termos
de qualidade, tem feito «investimentos substanciais» para evitar
problemas de poluição numa estrutura construída há cerca de duas
décadas.
Em comunicado, a direcção da Agrotejo considera «inadmissível que,
face à gravíssima situação económica e financeira do país e perante um
esforço colectivo de promoção da produção agrícola nacional, se ponha
em causa o funcionamento do principal entreposto de recepção de milho
em Portugal, colocando em risco a sobrevivência de muitas famílias de
agricultores».
A associação lamenta «o recurso sistemático à litigância como forma de
resolver interesses particulares» que põem em causa «tão importante
pilar da economia regional e nacional».
De acordo com o comunicado, a Agrotejo deu conhecimento da sua posição
à ministra da Agricultura, à comissão parlamentar de Agricultura e aos
autarcas da região.
Fonte: Lusa
http://www.confagri.pt/Noticias/Pages/noticia40897.aspx
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