Tomada de posição da ACIP

CARTA ABERTA
Face às recentes declarações do Sr. Secretário de Estado da
Agricultura, Dr. José Diogo Albuquerque, no qual referiu "a forte
possibilidade de aumentar o custo do pão devido ao aumento do preço
dos cereais", a ACIP – Associação do Comércio e da Indústria de
Panificação, Pastelaria e Similares, toma uma posição pública
relativamente às afirmações prestadas.
Lamentamos profundamente as declarações do Sr. Secretário de Estado
bem como as declarações prestadas no passado dia 31 de Agosto pela
Presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas, Dr. Maria Antónia
Figueiredo, sobre o suposto aumento de 76% do preço dos cereais
durante o ano 2011. Desde 2008 que os cereais aumentam e baixam de
preço entre Janeiro a Agosto.

A partir dos meses de Junho/Julho, dependendo dos anos, historicamente
tem existido uma descida acentuada verificada até ao inicio de cada
ano.
Todos os anos se repete o mesmo cenário!... por ironia do destino há
sempre uma causa natural para justificar essa flutuação… isto
interessa aos mercados e à especulação organizada.
Numa altura de pós -"pico" atingido em finais de Maio e princípios de
Junho de 2011 e sendo que à data da informação da Srª. Presidente do
Observatório estávamos já com 6 pontos percentuais abaixo do valor
máximo atingido em Junho de 2011, era nossa previsão que em Dezembro
de 2011 atingiríamos uma baixa de preço na ordem de 13 e os 15 pontos
percentuais.
Parece-nos que ambas as intervenções vão no sentido de ajudar à
especulação e fazer uma inversão das tendências naturais do mercado.
Face a tudo o que antecede a ACIP não apoia o cartelismo e não se
vincula a informações especulativas nem a especuladores.
A ACIP entende que não é oportuno um aumento do preço de um bem de
primeira necessidade e que neste momento é a única refeição possível
de muitas famílias. Apesar da grande retracção de consumo verificado,
apesar do aumento dos cereais, apesar dos custos inerentes ao
cumprimento da legislação em vigor, apesar dos encargos com salários,
apesar dos encargos com a Segurança Social, apesar do aumento da
electricidade, apesar dos sucessivos aumentos dos combustíveis, apesar
de…a ACIP está solidária com as famílias Portuguesas.
No entanto, com a quebra no volume de negócios gerados pelo sector e
com a retracção instalada, as empresas sentem uma enorme necessidade
de proceder a uma actualização de preços, correndo o risco de se
registar uma quebra nas vendas. Vemos como solução uma luta feroz
contra a especulação dos preços dos cereais, uma intervenção
governativa que regule esses mesmos preços e apoie os agricultores
Portugueses na produção nacional (não podemos continuar a importar 90%
dos cereais que consumimos).
Apelamos ao Sr. Secretário de Estado à sua efectiva intervenção na
regulação dos preços e no apoio à produção ao invés de apoiar a
especulação.
Acabemos com a conversa fiada e passemos à acção!!! Foi para isso que
mudámos de Governo.
Estamos disponíveis para colaborar com o Governo, em sede própria, na
discussão de todos os assuntos inerentes ao sector.
A ACIP não pode nem deve intervir na formação de preços. No entanto
apelamos a todos os industriais Portugueses que não optem, no
imediato, pela medida mais fácil ou seja, aumentar os preços. Optem
por um rigoroso controlo dos desperdícios e uma melhor gestão dos
recursos – protejam desta forma a vossa e a nossa razão de existir: os
consumidores.
Por um Portugal mais solidário
Carlos Alberto Santos
Presidente da ACIP
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/09/08c.htm