sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Governo prepara plano desde 2012 para prevenir seca



 20 Agosto 2015, quinta-feira  AgropecuáriaAgricultura
seca
Por enquanto, a agricultura parece não estar a ser afetada de forma significativa com a seca meteorológica que, segundo o Instituto do Mar e da Atmosfera (IPMA) abrange quase 80% do território nacional.
Mas as confederações do setor começam a ficar preocupadas. Já o Governo garante estar atento e vai anunciar «oportunamente» um plano de prevenção e contingência - que está a ser preparado há três anos - além de tentar obter luz verde de Bruxelas para antecipar apoios comunitários.
Fonte oficial do Ministério da Agricultura disse que está em preparação desde a seca de 2012 um «plano de monitorização, prevenção e contingência para as situações de seca» que será anunciado «oportunamente».
Sem adiantar pormenores, a mesma fonte refere que o plano servirá para sistematizar procedimentos dos indicadores de deteção de futuras situações de seca, de atuação no combate e mitigação dos seus efeitos e de orientação dos vários setores e entidades para situações de seca na agricultura.
O ministério de Assunção Cristas defende que a atual situação de seca - que considera ser meteorológica e não hídrica nem agrícola - «não permite justificar pedidos de apoios» à União Europeia.
No entanto, lembra que os agricultores afetados, nomeadamente os de produção animal, terão antecipação de pagamentos, como estava previsto.
Em causa estão apoios às vacas aleitantes, ovinos e caprinos e leite, mas também ao arroz e tomate, que foram antecipados dois meses, para outubro. «Estamos a envidar todos os esforços para que, na medida do possível, assim os controlos permitam, mais apoios sejam antecipados», assegura a mesma fonte.
O ministério da Agricultura sublinha que está a acompanhar a situação de perto e que a disponibilidade das águas nas albufeiras não põe em causa a rega. Na agricultura, os efeitos da seca são para já «limitados» e afetam sobretudo a produção de pastagens e forragens, o que leva ao recurso a alimentos conservados e rações para os animais, explica fonte do ministério.
Também o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, diz que as culturas afectadas até agora são basicamente «as pastagens» o que fará com que os produtores de pecuária tenham de investir mais em alimentação. E desdramatiza: «é verdade que este é um ano seco, uma vez que choveu menos em janeiro do que é habitual, mas também a realidade é que nem agosto nem setembro são meses de chuva», sublinha.
Para já, as reservas das barragens «estão num nível elevado» e uma parte significativa das culturas, nomeadamente as vinhas e os pomares, são de regadio, diz o dirigente da CAP.
Luís Mira salienta, aliás, que se chovesse em grande quantidade em agosto e com o calor que está, haveria consequências desastrosas para a produção, uma vez que estamos na altura das colheitas. Porém, o dirigente da CAP destaca que, se a partir de outubro, não começar a chover «então aí sim, é caso para problemas».
Isso mesmo explica o presidente da Federação Nacional das Organizações de produtores de Frutas e Legumes, Domingos dos Santos. Em declarações à TSF, o responsável adianta que, para a época de colheitas, o ideal é que o tempo seco se mantenha, pois se chover muito, haverá campos alagados. O ideal, remata, é que chova só no outono, defende. Porém, o calor intenso vai levar a uma antecipação das colheitas, o que fará com que haja uma redução da quantidade e da qualidade da fruta. Segundo diz, a pera rocha e a maçã são as mais afetadas.
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) vai mais longe e considera que este é já o início de «uma seca dolorosa, próxima da que se sentiu em 2005, quando houve dez meses sem chuva», diz João Dinis, acrescentando que esta situação poderá tornar-se na «terceira pior seca do século».
O dirigente da CNA lembra que os dados do IPMA - segundo os quais quase 80% do território estava em situação de seca «severa a extrema»- são de 31 de julho e que «os primeiros dez dias de agosto estão a ser muito violentos», pelo que a situação irá agravar-se. João Dinis sublinha que o Governo parece não estar consciente da gravidade da situação e de estar apenas «preocupado com a campanha eleitoral».
Fonte: Económico 

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