terça-feira, 18 de agosto de 2015

Produção de vinho aumenta mas preços devem manter-se

12-08-2015 
 

O aumento de oito por cento na produção de vinho da próxima campanha não deverá afectar os preços, disse à Lusa o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho salientando que há estabilidade no mercado.

«Não é expectável que haja mexida nos preços», afirmou Frederico Falcão, salientando que tal como o preço dos vinhos não aumentou em anos anteriores quando houve quebras na produção, também não são esperadas descidas em 2015, apesar do aumento da quantidade de vinho.

«O mercado está muito estabilizado nesse aspecto e, por isso, não há uma relação muito directa hoje em dia entre a produção e os preços a que os vinhos chegam ao mercado e aos consumidores», justificou o dirigente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).

A produção de vinho na região de Douro e Porto deve aumentar 20 por cento em 2015/2016 face à campanha anterior para cerca de 1,7 milhões de hectolitros, indicam as perspectivas de colheita do Instituto da Vinha e do Vinho.

A principal região vinícola portuguesa, responsável por cerca de um quarto da produção total, deverá atingir assim o valor mais elevado desde 2010/2011, numa campanha em que se perspectiva um aumento global da produção na ordem dos oito por cento.

As estimativas apontam para um volume global de 6,7 milhões de hectolitros de vinho, 6,2 milhões de hectolitros na campanha de 2014/2015, com crescimento da produção na generalidade das regiões, à exceção da Península de Setúbal, com uma quebra de 10 por cento, e das regiões do Tejo e do Alentejo, onde não se prevê variação.

Além da região do Douro e Porto, também as Terras do Dão deverão aumentar a produção em 20 por cento, para 288 mil hectolitros, face à campanha anterior, com a previsão a apontar para uvas de boa qualidade em ambos os casos.

Na Península de Setúbal, pelo contrário, espera-se uma vindima inferior em 10 por cento, ainda que com uvas de muito boa qualidade. «As vinhas não regadas apresentam sintomas acentuados de falta de água com provável diminuição da produção, principalmente nas castas brancas», adianta o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV).

A região do Alentejo deverá manter-se estável em torno de 1,2 milhões de hectolitros, esperando-se um rendimento quilo/litro mais baixo, devido ao menor tamanho dos bagos, mas com melhor qualidade do vinho. Também na região do Tejo, que deverá produzir 578 mil hectolitros, a produção será semelhante à da campanha passada.

Nas regiões Terras da Beira, Minho, Beira Atlântico e Algarve prevê-se uma subida de 10 por cento, para 1,2 milhões de hectolitros no total; na região de Lisboa, de 11 por cento, de 992 mil hectolitros e nas Terras de Cister, de cinco por cento, de 56 mil hectolitros.

Na região da Madeira, perspectiva-se «uma boa vindima ao nível qualitativo» e um crescimento de três por cento, 42 mil hectolitros, e nos Açores espera-se um aumento de dois por cento, 13 mil hectolitros, excecto nas ilhas Graciosa e do Pico, devido à instabilidade das condições climatéricas.

Se as previsões se confirmarem, são «boas notícias» que poderão contribuir para a reposição dos "stocks" necessária para satisfazer a procura.

«Portugal precisa de repor os seus "stocks" e precisa de ter quantidade para continuar a crescer em termos de exportação», já que os stocks em adega se tem vindo a reduzir de ano para ano, salientou Frederico Falcão.

As exportações de vinho aumentaram nos últimos cinco anos consecutivos e em 2014 Portugal foi um dos únicos três países que conseguiu aumentar as vendas ao exterior entre os 11 principais produtores mundiais.

Também o mercado doméstico compra cada vez mais vinho, após alguma retracção no consumo que deixou de se verificar em finais de 2014. «Em 2015 voltou a crescer. Temos um aumento da procura interna e da venda de vinhos em Portugal e as exportações, felizmente, continuam a crescer portanto há boas notícias para o sector dos vinhos», congratulou-se o mesmo responsável.

As razões para o aumento da produção prendem-se com vários factores, entre os quais as condições climatéricas, mas também resultam da reestruturação de vinhas que tem sido feita ao longo dos últimos anos, explicou Frederico Falcão.

«Temos arrancado vinhas velhas e colocado vinhas novas. Naturalmente, muitas das vinhas velhas que foram substituídas tinham baixa produtividade e as vinhas novas são vinhas já com melhores castas, melhores clones, com melhores produtividades, sem que com isso se prejudique a qualidade», adiantou.

Fonte: Lusa

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