publicado
17:16
11 outubro '11
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A Política Agrícola Comum modernizou a agricultura portuguesa e
promoveu a auto-suficiência de alguns setores, defendeu o ex-ministro
da tutela Sevinate Pinto, salientando que se dizem "muitos disparates"
e se generalizou "uma ideia falsa" sobre a PAC.
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Na véspera da apresentação das propostas legislativas sobre o futuro
da PAC após 2013, o antigo ministro de Durão Barroso desmontou "os
disparates que se dizem" e salientou que, ao contrário, "da ideia
negativa que os portugueses têm sobre a agricultura", a produção
aumentou, apesar de ter crescido também o consumo.
"Nos últimos vinte anos, aumentámos o consumo `per capita` de
hortícolas em 63 por cento, o de carne em 41 por cento e o de leite em
24 por cento. No entanto, alcançámos praticamente a auto-suficiência
no setor do azeite e do arroz, exportamos leite e vinho e somos
exportadores líquidos de produtos hortícolas e horto --industriais,
coisa que ninguém imagina", sublinhou Armando Sevinate Pinto à Agência
Lusa.
"Nós nunca tivemos -- nem antes da PAC nem depois da PAC -- uma taxa
de auto-suficiência inferior a 70 por cento e diz-se exatamente o
contrário", acrescentou.
O engenheiro agrónomo destacou que Portugal "não tem uma agricultura
destruída" e que a PAC ajudou a modernizar o setor e a ganhar
eficiência e competitividade.
"Temos exportação no setor florestal porque a PAC pagou, mas ninguém
fala nisso", exemplificou.
Assumindo-se como um "desalinhado", o antigo governante admite que a
desigualdade a nível das ajudas médias ao rendimento dos agricultores
foi "uma das coisas mais injustas e penalizadoras" da Política
Agrícola Comum, mas quanto ao resto discorda "completamente" de quem
diz que já não existe agricultura em Portugal.
"[A PAC] mete em Portugal cerca de 1300 a 1400 milhões de euros por
ano de apoio à agricultura que jamais teríamos. O Estado praticamente
não gasta nada com a agricultura. Antes de entrarmos para a PAC,
gastava entre 40 a 50 por cento mais, em termos reais", afirmou.
Não conseguiu corrigir o valor das ajudas como desejava quando
negociou a revisão intercalar da PAC em junho de 2003 e acredita que o
futuro não será muito diferente.
"Nós recebemos 194 euros em média por hectare e a média europeia é de 268 euros.
Somos dos países que menos recebe por hectare porque tivemos sempre um
histórico negativo que pesou sobre nós. A proposta para o futuro da
PAC era de haver uma maior harmonização, mas infelizmente já não me
parece tão positiva", justificou.
Para Armando Sevinate Pinto, a harmonização é "insuficiente" e será
feita de forma "muito lenta".
"Há um sentimento desagradável porque o início da proposta foi bom,
mas perdeu força provavelmente por causa dos lóbis e os lóbis contra a
PAC são muito grandes", reforçou.
A nova PAC também não deve trazer novidades em matéria de desligamento
das ajudas à produção, contra o qual se bateu.
"Estive sempre contra e toda a gente sabe que me bati para que isso
não fosse possível. Mas, nessa altura, todas as pessoas que agora
falam contra a PAC defendiam o desligamento, sobretudo os socialistas,
que defendiam fortemente o desligamento e conseguiram avançar, apesar
de termos minorado os efeitos", recordou.
RCR
http://tv1.rtp.pt/noticias/index.php?t=Dizem-se-muitos-disparates-sobre-a-agricultura----ex-ministro-Sevinate-Pinto.rtp&article=487396&layout=10&visual=3&tm=6
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