OE2012
por LusaHoje
A subida do IVA vai ter um enorme impacto sobre o consumo e põe em
causa o trabalho de internacionalização de empresas como a
Sumol+Compal, defendeu o administrador executivo do grupo produtor de
sumos, refrigerantes e água e engarrafada.
Rui Frade - salvaguardando que ainda não há informações oficiais sobre
os bens que vão passar da taxa média ou reduzida do IVA para a taxa
máxima - notou, todavia, que "há sinais" que apontam para "uma
situação de privilégio" no caso do vinho, esperando que sejam
extensíveis aos restantes setores agrícolas.
"Estou de acordo [que o vinho seja protegido], mas não posso
compreender que o processamento industrial da pêra-rocha para produzir
sumos possa vir a ter um tratamento fiscal diferente do processamento
industrial da uva", sublinhou, à margem do Fórum Agricultura e Mar
promovido pelo jornal Correio da Manhã.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou na quinta-feira que
o Orçamento do Estado para 2012 reduz "consideravelmente" o âmbito de
bens sujeitos à taxa intermédia do IVA que será mantida para um
conjunto limitado de bens cruciais para setores de produção nacional,
como a vinicultura, a agricultura e as pescas.
Rui Frade defende que tanto a uva como a pêra-rocha são produtos da
agricultura nacional "que devem ser protegidos" e acrescentou que se
fosse necessário subir a taxa do IVA, deveria aplicar-se apenas aos
refrigerantes, deixando de fora os sumos e os néctares.
"Se forem todos para a taxa máxima, e se, ainda por cima o IVA da
restauração também subir, isso vai ter um efeito enorme a nível da
quebra do consumo dos nossos produtos", receia o administrador da
Sumol+Compal.
Rui Frade salientou que ficará igualmente em causa "o trabalho"
desenvolvido a nível da internacionalização.
"Não há internacionalização sem uma base nacional forte quando se
trata de produtos de grande consumo. Se nos tiram o tapete em relação
ao mercado português, não sei até que ponto vamos conseguir manter os
projetos de desenvolvimento internacional que neste momento temos em
mãos", enfatizou o mesmo responsável.
Questionado sobre o recuo na descida da Taxa Social Única (TSU)
considerou que "foi inteligente da parte do Governo não a pôr em
prática", pois "não teria dimensão para resolver o problema da
economia".
Quanto à possibilidade de aumentar o dia de trabalho em meia hora,
também anunciada na quinta-feira pelo primeiro-ministro afirmou que
"pontualmente" pode trazer alguns benefícios, mas só nalguns setores.
A Sumol+Compal exporta atualmente para mais de 60 países.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou na quinta-feira que
as medidas do OE2012 visam garantir o cumprimento dos acordos
internacionais, e que passam, entre várias outras, pela eliminação do
subsídio de férias e de Natal para os funcionários públicos e
pensionistas que recebem mais de mil euros por mês, enquanto durar o
programa de ajustamento financeiro, até ao final de 2013.
O chefe do Governo afirmou que há um desvio orçamental de 3 mil
milhões de euros e anunciou também que o executivo vai reduzir o
número de feriados e permitir que as empresas privadas aumentem o
horário de trabalho em meia hora por dia, sem remuneração adicional.
http://www.dn.pt/inicio/economia/interior.aspx?content_id=2057595&page=-1
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