Florestas
14.10.2011 - 07:55 Por Mariana Oliveira
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O mês de Outubro já está quase ao nível de Agosto (Foto: Enric
Vives-Rubio/arquivo)
Os fogos de Outubro já queimaram nos primeiros 10 dias do mês 12.107
hectares de espaços florestais em Portugal. Os números são do Sistema
Europeu de Informação de Fogos Florestais (EFFIS) que, através de
vários satélites, contabiliza diariamente as áreas ardidas superiores
a 20 hectares em toda a Europa e Norte de África.
Os últimos dados oficiais, da Autoridade Florestal Nacional,
contabilizam quase 42 mil hectares ardidos entre 1 de Janeiro e 30 de
Setembro, o que significa que só em 10 dias arderam mais de um quarto
do que se queimou nos restantes nove meses.
As previsões
meteorológicas apontam para a continuação de tempo quente e seco, o
que fez com que ontem a Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC)
prolongasse o alerta amarelo (o segundo numa escala de quatro) para
todos os distritos até às 20h de segunda-feira.
O número de incêndios florestais registados nos primeiros 12 dias
deste mês, segundo a ANPC, ultrapassa as 3800 ignições, um valor muito
próximo do registado em Agosto (3978 ocorrências) e que deverá superar
Julho (4367), o mês que contabilizou o maior número de fogos. O
presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, Duarte Caldeira,
sublinha a anomalia deste cenário. "Não há memória de 12 dias de
Outubro com um contínuo e tão elevado número de incêndios", afirma. E
acrescenta: "Há sete dias contínuos que se registam mais de 300
ocorrências diárias, uma situação que, em alguns anos, não se verifica
sequer em Agosto".
Picos de incêndios fora do período mais crítico dos fogos não são
inéditos e Caldeira acredita que são cada vez mais frequentes. Em
2007, por exemplo, em Outubro e Novembro, os fogos destruíram 12 mil
hectares de espaços florestais, mais de um terço da área ardida nesse
ano. Novembro ficou registado nas estatísticas oficiais de 2007 como o
mês com maior área ardida do ano, ultrapassando os nove mil hectares,
um número 96 vezes superior à média desse mês nos cinco anos
anteriores (95 hectares). Também em Março de 2009 ocorreu um pico
atípico com quase 13.600 hectares ardidos, bastante mais que os 3000
hectares da média desse mês nos dez anos anteriores.
"Isto vem mostrar que é uma barbaridade continuar a falar em época de
incêndios e que progressivamente deverá desaparecer o conceito de
dispositivo especial de combate. O que é preciso é um reforço das
estruturas permanentes", defende Caldeira, que aplaude os resultados
do combate num mês em que boa parte dos meios terrestres já foi
desactivada.
Menos optimista, Manuel Rainha, engenheiro florestal e ex-responsável
pelas equipas de sapadores florestais, insiste que é necessário fazer
um esforço de racionalização dos meios existentes. "O dispositivo que
existe não está preparado para se ajustar às necessidade", alega. E
exemplifica: "Em 2010, o dispositivo de combate do distrito do Porto
teve uma taxa média de ocupação de 20%. O que quer dizer que, na maior
parte do tempo, os meios estavam preparados para sair, mas não foram
necessários". Por isso, o engenheiro florestal defende que o ideal era
ter uma estrutura que funcionasse todo o ano, e, quando não houvesse
fogos, dedicava-se à prevenção, como acontece com os sapadores.
Com o alargamento do período crítico dos fogos, a ANPC recorda que não
é permitido realizar queimadas, nem fogueiras, lançar foguetes ou
fumar na floresta.
http://www.publico.pt/Local/fogos-queimam-em-10-dias-um-quarto-da-area-ardida-em-nove-meses-1516425
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