quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Veterinária alerta para perigo de não tratar a leishmaniose canina com insecticidas

12/10
2011
às 14:28
O Observatório Nacional das Leishmanioses (ONLEISH) apresentou, no II
Encontro Nacional de Médicos Veterinários, que decorreu entre os dias
8 e 9 de Outubro, os resultados do segundo relatório da rede de
vigilância epidemiológica leishmaniose canina, Leishnet. Os dados
revelam que apenas 20% dos cães anteriormente diagnosticados com
leishmaniose são tratados com insecticidas.
Entre 1 de Abril e 31 de Março de 2011, a rede Leishnet desenvolveu
um trabalho de vigilância epidemiológica, que englobou todo o país,
para estudar a leishmaniose canina e propor formas de combater a
prevalência de uma "doença que deve ser seguida de perto, pois
constitui um risco para a Saúde Pública", avisa Carla Maia, membro do
ONLeish.


Segundo o relatório, dos 1278 cães rastreados, foram detectados 864
animais suspeitos, sendo que foram diagnosticados 359 casos positivos,
dos quais 266 são novos casos de doença. Lisboa foi a região com mais
casos positivos (79).
A maioria dos novos casos de leishmaniose consiste em animais que
vivem a maior parte do tempo ou exclusivamente fora de casa,
perfazendo um total de cerca de 48%, no entanto, os animais que vivem
predominantemente dentro de casa não estão ausentes de riscos.
A diferença entre raças não parece ser substancial, o mesmo
acontecendo com a distribuição por género, pois a percentagem de novos
casos de Leishmaniose é muito semelhante entre fêmeas e machos. No
entanto, a pelagem parece ter influência, uma vez que a incidência nos
cães de pêlo de tamanho curto ou médio é maior do que nos animais de
pêlo comprido.

Os dados revelam também que apenas 20% dos cães infectados com
leishmaniose são tratados com insecticidas, o que segundo Carla Maia,
"pode ser uma ameaça para a saúde pública, uma vez que estes animais
são uma fonte de infecção. Não nos devemos esquecer que a prevenção da
picada do insecto transmissor da leishmaniose, com coleiras ou pipetas
especiais, deve ser uma constante não só nos animais não doentes, mas
também nos animais doentes".

A Leishnet, criada em 2010 pelo ONLEISH, contou em 2011 com um aumento
de 20% na participação das clínicas veterinárias, relativamente ao
último relatório apresentado. Lisboa foi a cidade que mais participou,
com a entrega de 291 fichas, seguida por Faro e Setúbal.

"Alargar a rede de clínicas veterinárias participantes e o correcto
preenchimento dos dados", são os objectivos que Carla Maia aponta para
o próximo relatório, que estima que esteja concluído em Abril de 2012.
"Estes dois factores são muito importante para garantir o acesso a
dados reais sobre a evolução da incidência da leishmaniose no nosso
país", explica a Coordenadora.
Em Portugal a prevalência é considerada elevada, com mais de 110 mil
cães infectados, cerca de 6% da população canina, sendo endémica em
grande parte do território continental, nomeadamente, nas regiões de
Trás-os-Montes e Alto Douro, Beiras, Lisboa e Vale do Tejo e Sado,
Algarve e grande parte do Alentejo.
http://www.jn.pt/blogs/osbichos/archive/2011/10/12/veterin-225-ria-alerta-para-perigo-de-tratar-a-leishmaniose-canina-com-insecticidas.aspx

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