Lusa
12 Mar, 2013, 14:04
Um rebanho de 50 cabras está a fazer a limpeza de mato e, ao mesmo, a
reduzir os riscos de incêndios florestais em Vila Pouca de Aguiar, no
âmbito de um projeto-piloto de pastoreio dirigido.
O projeto "Economountain, economia da biodiversidade nas serras de
Vila Pouca de Aguiar", está a ser implementado pela associação
Aguiarfloresta e representa um investimento de 160 mil euros nos
próximos dois anos.
A área de intervenção, nesta primeira fase, corresponde ao planalto de Jales.
"Este projeto visa testar uma nova ferramenta de gestão do mato, para
ajudar a resolver o problema dos incêndios que ocorrem nesta região",
afirmou hoje Duarte Marques, responsável da Aguiarfloresta, no
decorrer de uma visita técnica em Alfarela de Jales.
A associação está trabalhar com um rebanho de 50 cabras, que vai
pastorear uma área de 90 hectares. Os animais, através da ingestão da
biomassa, reduzem o combustível para um incêndio.
O que se está a fazer é, segundo o responsável, um tipo de pastoreio
mais dirigido, em que se usam os animais em locais estrategicamente
identificados como sendo favoráveis à redução do número de ocorrências
e também à limitação da expressão do fogo.
O pastor Francisco Carocha, o primeiro a aderir ao projeto, explicou
que os animais permanecem numa área cercada durante cerca de uma
semana até efetuaram a limpeza desse terreno.
"Venho aqui deixar os animais e depois venho buscá-los ao final da
tarde. Antes, tinha que andar o dia todo com elas pelos montes a
apanha chuva e vento", salientou.
A opção pelo gado caprino justifica-se com o facto de se tratar de
animais mais robustos, que se adaptam a ambientes mais agrestes,
ajustados a territórios de montanha e que consomem tipos de vegetação
que a maioria dos outros animais não consome.
Associadas ao projeto estão outras técnicas de intervenção, como a
limpeza de matos através das equipas de sapadores florestais ou o uso
do fogo controlado.
Duarte Marques salientou que a iniciativa visa ainda apoiar e
valorizar a atividade da pastorícia, muitas vezes associada ao fogo
posto para a renovação de pastagens.
"Queremos contornar a imagem negativa dos pastores e mostrar que eles
podem ser agentes importantes na prevenção e resolução dos problemas
dos incêndios", frisou.
A associação dá apoio ao nível da comercialização dos produtos, ajuda
a resolver os problemas diários relacionados com o licenciamento ou
registo dos animais. "Tentamos ajudar para que eles mantenham a
atividade", salientou.
Outra componente do projeto é a valorização dos produtos locais.
A ideia é incentivar os restaurantes locais a aproveitaram os recursos
do território, como as castanhas, os cogumelos, os cabritos, apostando
também "em novas formas e mais baratas de preparar os produtos".
A Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) está também
estudar os impactos desta estratégia a nível da biodiversidade, se
favorece ou não as espécies locais e se poderá ser alargada a outras
regiões.
No âmbito do projeto, a Aguiarfloresta promove no dia 22 de março o
workshop "Biodiversidade de montanha". No dia a seguir será feita uma
visita técnica a Jales subordinada ao tema o "Pastoreio dirigido na
gestão florestal".
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=635024&tm=8&layout=121&visual=49
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