terça-feira, 12 de março de 2013

Nemátodo afectou mais Portugal

11 de Março, 2013por Sónia Balasteiro

Incêndios, eucaliptos e nemátodo da madeira do pinheiro: trata-se de
uma mistura explosiva que está a destruir o pinhal português. O
Inventário Florestal Nacional de 2010, divulgado há um mês pelo
Ministério do Ambiente, revelou que o pinheiro bravo foi nos últimos
anos a espécie que mais terreno perdeu para outras, sobretudo para o
eucalipto, cuja área aumentou para os 812 mil hectares (ha) em todo o
país.
Já o pinheiro bravo ocupa a terceira posição, com uma área de 714 mil
ha. Perdeu 27% de superfície total no território – 70 mil hectares,
assinala o documento, para o eucalipto e 165 mil ha para matos e
pastagens, por conta dos «gravíssimos incêndios florestais das últimas
duas décadas (mais de 2,5 milhões de hectares ardidos entre 1990 e
2012), e pela ocorrência de doenças como o nemátodo da madeira do
pinheiro, que tem afectado severamente o pinhal bravo nacional,
obrigando à realização de cortes excepcionais, por imposição dos
regulamentos fitossanitários».

Aliás, nota ainda o relatório do Instituto de Conservação _da Natureza
e Florestas, «nenhum outro país na Europa esteve sujeito a este nível
de perturbações».

Foi através do porto de Setúbal que a doença do nemátodo entrou no
país, em 1999, vinda dos EUA e do Canadá. «Basta passar em qualquer
estrada do país para ver pinheiros doentes. É horrível», nota Domingos
Patacho. Mas, lembra o ambientalista, foi «em 2008 que esta doença
começou a alastrar a todo o país, por isso os números do Inventário
Florestal Nacional ainda não contemplam particularmente este factor».

Na opinião de Patacho, serão o eucalipto e os incêndios os grandes
responsáveis pela diminuição do pinhal português. Eugénio Sequeira, da
Liga de Protecção da Natureza, tem a mesma opinião: «O eucaliptal, com
as consequências desastrosas que tem no que diz respeito ao controlo
dos incêndios, não pára de aumentar. E agora ainda vem aí a lei que
permitirá aos pequenos proprietários plantar quantos eucaliptos
quiserem».

No que diz respeito a outras espécies, o Inventário Florestal Nacional
também traz boas notícias: nos últimos dez anos, a área arborizada com
pinheiro manso aumentou 54% (para 175 mil hectares), por causa do
pinhão, e a de castanheiro 48% (para 41 mil hectares).

sonia.balasteiro@sol.pt

http://sol.sapo.pt/inicio/Sociedade/Interior.aspx?content_id=69797

Sem comentários:

Enviar um comentário