quarta-feira, 13 de março de 2013

Indústria da cerveja importa 80% da cevada que usa e quer agricultores a produzir mais


Lusa
12 Mar, 2013, 12:42

A indústria cervejeira nacional importou, no ano passado, 80% da cevada que consumiu, por falta de matéria-prima nacional, e desafiou os agricultores a produzirem mais este cereal, sugerindo investimento no regadio para resolver o problema.
"Porque razão Portugal produz tão pouca cevada e somos obrigados a recorrer a importações?", questionou o presidente da Associação Portuguesa de Produtores de Cerveja (APCV), António Pires de Lima, no fórum "Brinde à Cerveja", frisando que, no último ano, a cevada nacional atingiu apenas as 20 mil toneladas e a indústria foi obrigada a importar 80 mil.

O responsável da APCV sugeriu que o "investimento no regadio" e um regime de contratualização com os agricultores seriam soluções para resolver a falta de matéria-prima nacional, enquanto Bernardo Albino, da Associação Nacional de Produtores de Cereais (ANPOC) observou que "é preciso valorizar" os cereais produzidos em Portugal, mas tem de haver "uma perspetiva de preços e estabilidade".

Bernardo Albino destacou também várias vantagens da produção de cereais em Portugal, nomeadamente a sustentabilidade ambiental e a rastreabilidade e segurança alimentar.

"Temos de valorizar o nosso produto porque, no fim da linha ninguém quer cevada de cavalo, e é isso que vamos ter se só tivermos preço, preço, preço", frisou.

O presidente da EDIA, João Basto, apontou o potencial do Alqueva para a produção de cevada e considerou que este potencial irá aumentar ao longo dos anos.

"Vive-se uma euforia em torno do milho, porque a margem libertada é maior, e o que nos move na agricultura é o dinheiro", notou João Basto, afirmando, no entanto, que a cevada se vai tornar mais atrativa à medida que o preço da água subir.

"Aos preços atuais da água, a margem do milho será de mil euros e a da cevada de 500 euros por hectare. Acontece que a água vai subir e à medida que for subindo, porque o consumo de agua é superior no milho, o diferencial de menos 500, vai passar a menos 160, assumindo que tudo o resto continua igual", explicou.

O responsável da EDIA adiantou ainda que são os perímetros de rega mais antigos [com um tarifário mais elevado] os que têm mais aptidão para a cevada.

"Há blocos [de rega] onde o preço da agua já é mais elevado e onde o potencial já é maior", reforçou.

http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=634996&tm=6&layout=121&visual=49

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