Por Agência Lusa, publicado em 7 Mar 2013 - 19:31 | Actualizado há 3
horas 47 minutos
A Deco detetou vestígios de medicamentos anti-inflamatórios, na carne
de cavalo encontrada em produtos alimentares à venda em Portugal, o
que indicia um risco para a saúde pública, divulgou a associação em
comunicado.
A Associação Portuguesa para a Defesa dos Consumidores (Deco) precisa
que o "anti-inflamatório fenilbutazona foi detetado nas amostras de
hambúrguer Auchan e nas almôndegas Polegar, que, numa primeira
análise, tinham acusado presença de ADN de cavalo".
A presença destes medicamentos na carne para consumo humano é ilegal,
refere a Deco.
Segundo a informação recolhida, os lotes destes produtos não se
encontram, na presente data, à venda. Os resultados da análise
laboratorial efetuada pela Deco vão ser divulgados através do sistema
de alerta rápido da União Europeia.
Embora a concentração de anti-inflamatórios encontrada nas amostras
seja de ordem do micrograma, e "não represente um perigo imediato"
para a saúde humana, indicia, segundo os técnicos da associação, uma
situação de "risco potencial".
Acerca desta problemática, a DECO admite duas hipóteses: "Ou se está a
administrar ilegalmente medicamentos em animais destinados a consumo
humano, ou se está introduzir na fileira de consumo humano carcaças de
animais não destinados a esse fim, e que, por essa razão, podem ser
tratados com estes anti-inflamatórios, designadamente os cavalos de
desporto".
A Deco admite que a polémica relacionada com a carne de cavalo parece
assim "não se resumir apenas a um problema de rotulagem, mas também
indicia um problema de segurança alimentar".
A associação portuguesa de defesa dos consumidores lembra que, até ao
momento, a Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica (ASAE)
considerou que a presença de carne de cavalo em produtos alimentares,
sem estar mencionado na etiqueta, prefigurava apenas uma situação de
fraude económica, sem impacto na saúde pública, tendo, inclusivamente,
o secretário de Estado da Saúde, Vieira e Brito, desvalorizado as
preocupações da Deco, em matéria de segurança alimentar.
"Estes dados novos evidenciam a necessidade de as autoridades
portuguesas procederem a testes mais frequentes para a avaliação da
segurança alimentar dos produtos controlados", refere a Deco, que
"mantém e reitera as suas exigências nessa matéria".
A 08 de fevereiro, a descoberta de que a marca sueca de lasanha de
vaca Findus continha até 100% de carne de cavalo, agitou o Reino Unido
e parte da Europa.
Dias mais tarde, a 12 de fevereiro, foi a vez de uma marca francesa de
refeições ultracongeladas (Picard) ter confirmado ter sido detetada
carne de cavalo em dois lotes de lasanha à bolonhesa.
Até então, os vestígios de carne de cavalo só tinham sido detetados em
produtos comercializados no Reino Unido pela marca sueca Findus, cujo
fornecedor (Spanghero) trabalhava com um matadouro na Roménia, onde se
abatem bovinos e cavalos.
A 14 de fevereiro, as descobertas chegaram à cadeia alemã de
supermercados Real, que encontrou restos de carne de cavalo numa
lasanha pré-cozinhada, depois de fazer testes aleatórios em vários
produtos da marca "TIP Lasagne Bolognese", que já foram retirados do
mercado.
No dia seguinte, o maior retalhista alimentar norueguês, o
NorgesGruppen, confirmou ter detetado carne de cavalo nas lasanhas
congeladas vendidas nas suas lojas, o primeiro caso confirmado naquele
país.
Também a 15 de fevereiro, a Áustria encontrou carne de cavalo em
produtos da alemã Gusto, cujo rótulo informava serem de vitela.
Na terça-feira, a multinacional suíça Nestlé anunciou a retirada, dos
mercados italiano e espanhol, dos seus produtos de massas com carne,
depois de ter descoberto vestígios superiores a um por cento, de ADN
de cavalo.
Entretanto, em Portugal, a ASAE detetou vestígios de carne de cavalo
em produtos que já foram retirados do mercado.
*Este artigo foi escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico
http://www.ionline.pt/portugal/deco-detecta-medicamentos-proibidos-na-carne-cavalo-encontrada-alimentos
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