sábado, 14 de março de 2015

Estudante americano passou um mês a comer apenas insectos


Um universitário americano de 21 anos acaba de concluir uma façanha digna dos mais corajosos comensais: passou 30 dias a alimentar-se apenas de insectos. Três vezes ao dia.
Estudante da Auburn University, no Estado do Alabama, Camren Brantley-Ríos disse que tomou a decisão porque acredita que o consumo das carnes tradicionais, suína ou bovina, são insustentáveis e queria tentar adoptar o que muitos consideram como a dieta do futuro.
«Ao jantar comia larvas da farinha com arroz frito. É delicioso. Temperava os vermes com molho de soja», conta.
Para a maioria das pessoas, a ideia de comer larvas e insectos seria de mau gosto (com direito ao infame trocadilho), quando não repulsiva. Até há bem pouco tempo, Brantley-Ríos estava entre elas. Mas, no mês passado, o jovem americano decidiu comê-los ao pequeno-almoço, almoço e jantar.
A iniciativa deu origem ao blog «30 Days of Bugs» (30 Dias de Insectos, em tradução livre), em que Brantley-Ríos narrava o seu périplo gastronómico.
«Decidi limitar-me a três espécies», diz ele. «Larvas da farinha, larvas da cera e grilos.»
«Mas sempre que podia, tentava incorporar alimentos mais exóticos à minha dieta», acrescentou.
Nos lanches entre as refeições, Brantley-Ríos comia ovos mexidos com larvas da cera, hambúrgueres de insectos com queijo e grilos.
Estimativas apontam que 2 mil milhões de pessoas se alimentem de insectos em todo o mundo
Ocasionalmente, o jovem introduzia nas suas refeições outros insectos, como as famosas baratas laranja, que podem chegar a medir 4,5 centímetros de comprimento.
Durante a preparação, Brantley-Ríos diz que chegou a sentir nojo, mas, ao prová-las, mudou de ideia.
«Retiram-se as patas, as asas e o protórax, o escudo que cobre a cabeça. Depois, refogam-se as baratas com temperos, cogumelos e cebola. Ficou um pouco azedo. Mas não era de todo mau», conta.
Outras experiências na cozinha, no entanto, não tiveram tanto sucesso.
«As larvas dos bichos-da-seda não eram nem de longe as minhas favoritas», admite Brantley-Rios. «Fedia muito.»
Segundo o jovem, os insectos consomem menos recursos do que os mamíferos e constituem uma fonte importante de proteína.
Mais de 2 mil milhões de pessoas em todo o mundo costumam comer insectos, apontam estimativas da FAO, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Mas nos EUA alimentar-se de insectos ainda é uma raridade.
«Não há realmente nenhuma necessidade de comer insectos aqui, porque ainda temos muita comida», diz Brantley-Ríos.
«Comemos carne de primeira qualidade e temos a sorte de não precisarmos de abdicar desse luxo, por isso não há muita pressão para comer insectos agora. Mas o que muitas pessoas estão a tentar fazer é torná-los mais atraentes para o público em geral.»

Brantley-Ríos afirmou que teve de recorrer à Internet para encontrar a matéria-prima da sua dieta.
«Não há muitos criadores de insectos por aqui», lamenta, acrescentando ainda que tomou um cuidado especial com a procedência dos alimentos.
Para isso, comprou os insectos de criadores que normalmente fornecem para jardins zoológicos, já que esses animais fazem parte da dieta de «répteis e de outros animais», explica Brantley-Ríos.
«Não fui à floresta caçar a minha comida. Existe claramente um risco ao fazer isso», alerta.
Brantley-Ríos reclamou que há poucos criadores de insectos nos Estados Unidos.
«Ligo para fornecedores diferentes e peço uma encomenda. As larvas chegavam pelos correios», conta.
Brantley-Ríos tem consciência sobre a insignificância da sua iniciativa. Afinal, um impacto relevante no meio ambiente exigiria a adesão de milhões de pessoas.
Mas será que chegou a convencer alguém? Sim, alguns dos seus amigos.
«Muitos dos meus amigos, que inicialmente ficaram relutantes com a ideia de comer insectos, agora não querem saber de outro prato.»

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