12-03-2015
A ministra da Agricultura precipitou-se ao responsabilizar a governação socialista por Portugal ter de devolver 143 milhões de euros a Bruxelas, e enfraqueceu a posição do país, considerou hoje o PS.
«O que se esperava era que a senhora ministra não reagisse de forma precipitada a esta notícia. O que procurou foi atacar o PS e só depois pensar na defesa do país», disse à Lusa o deputado socialista Miguel de Freitas, membro da comissão de Agricultura, área em que exerceu diversos cargos, a nível nacional e europeu.
O responsável comentava assim as declarações da ministra da Agricultura, Assunção Cristas, que acusou o governo de José Sócrates de ter praticado uma «má gestão» do sector ao falar da notícia, divulgada pelo jornal Público, de que Portugal tem de devolver a Bruxelas 143 milhões de euros referentes a fundos agrícolas, de pagamentos irregulares aos agricultores nos anos de 2009, 2010 e 2011.
«A declaração da ministra enfraquece a posição negocial do país e é absolutamente precipitada», disse o deputado à Lusa, acrescentando: «ainda não há decisão final da Comissão, estamos num processo negocial e devemos manter pressão sobre Bruxelas e não antecipadamente reconhecer que houve uma má gestão».
A ministra vai «enfraquecida» negociar a Bruxelas e se ainda «há margem de manobra» devia de ter sido «mais contida», disse Miguel de Freitas, de acordo com o qual «o que está em causa é o país» pelo que «não se pode enfraquecer a posição» de Portugal dizendo que houve má gestão.
Questionado sobre se houve de facto desleixo da governação socialista nesta matéria, o deputado não o negou mas explicou que estão em causa cinco por cento de irregularidades, sendo que «a esmagadora maioria dos agricultores respeitou os critérios», pelo que é fundamental defender a imagem dos agricultores portugueses. E acrescentou que o modelo de amostragem usado por Bruxelas «penaliza essencialmente os países com pequenas agriculturas».
«Este modelo de controlo tem 15 anos e sistematicamente veio sendo melhorado. Todos os anos havia auditorias e respostas do país melhorando o sistema. Dizer que a responsabilidade exclusiva é de um governo é excessivo, o que temos é uma responsabilidade geral e procuramos sempre melhorar o sistema. Isto tem um custo pelo facto de o país não ter um cadastro», explicou.
As irregularidades detectadas existem todos os anos e em todos os países, a França está sujeita a ter de fazer a reposição de mil milhões de euros, exemplificou o deputado.
Fonte: Lusa
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