Por Tiago Nogueira - jpn@c2com.up.pt
Publicado: 27.02.2013 | 09:54 (GMT)
Marcadores: Agricultura , Emprego , País
O quadro de apoio de fundos europeus, que teve início em 2007 e
termina no final deste ano, contribuiu para que o número de jovens
agricultores tenha duplicado durante este processo.
A conjetura atual tem levado cada vez mais jovens a voltarem às
origens - seja para evitar emigrar, por falta de emprego ou até pela
oportunidade. Mas cada um destes motivos não pode ser dissociado das
ajudas financeiras externas que estes têm ao seu dispor para
potenciarem os seus projetos.
Em média, e segundo os números relativos ao ano passado do ProDer (que
gere os fundos da Política Agrícola Comum (PAC) europeia para o
desenvolvimento rural), todos os meses cerca de 280 jovens
agricultores instalam-se em Portugal. No mesmo sentido, os últimos
dados do Instituto Nacional de Estatística demonstram que o setor da
agricultura, pesca e floresta foi o único com aumento de emprego (1,6
face a 2010).
Financiamento ProDer
Para se ter acesso às verbas do ProDer os candidatos têm que ter menos
de 40 anos, se tiverem terra em nome próprio ou arrendamentos de longo
prazo têm acesso a trinta mil euros (quarenta se constituírem uma
empresa com mais de um titular) e podem ainda receber apoios (entre
40% e 60%) do investimento que realizarem.
Muitos fazem-nos pelo "retorno financeiro"
Esta visão objetiva e empresarial em relação à agricultura é uma
"estranha" forma de a explorar, diz Pedro Rocha ao JPN. Detentor da
Raízes, produtora e distribuidora de produtos biológicos, este jovem
empresário sempre soube bem o que quis.
"Eu vim para a agricultura porque sempre tive isto como ambição
pessoal e licenciei-me em Ciências do Ambiente. Mas sei também que
muitos dos novos jovens que agora entram no meio, fazem-no apenas pelo
retorno financeiro que isso possa vir a trazer-lhes". E vai mais
longe: "Não me parece que só porque se tem um terreno desocupado, ou
porque se quer aproveitar os fundos europeus - também por falta de
alternativas -, os jovens devam optar pela agricultura. À mínima
contrariedade vão desistir", garante.
O empresário não esquece também que este é o contexto extraordinário
que propicía atitudes extraordinárias. E, talvez por isso, "pareça que
os preconceitos foram ultrapassados" mas, como garante Pedro, "não
foram". "Estar na agricultura implica um pensamento a longo-prazo.
Implica recolher dividendos só anos depois do trabalho que fazemos
hoje", alerta.
"Quando, daqui a uns anos, o país sair da crise e surgirem novas
oportunidades noutras áreas, os agora jovens agricultores voltam à sua
vida anterior?", pergunta. "E depois quem pagará essa fatura? Temos de
estar nisto a 100% e com prazer", remata.
http://jpn.c2com.up.pt/2013/02/27/agricultura_atrai_280_novos_jovens_por_mes.html
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