segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

FAO Maioria das crianças trabalhadoras estão na agricultura

Quase 60% das crianças envolvidas em trabalho infantil estão no sector
agrícola, um dos mais perigosos, e há crianças a partir dos cinco anos
a trabalhar no pastoreio, revela um relatório da agência das Nações
Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) divulgado esta
segunda-feira.
Lusa MUNDO
13:56 - 25 de Fevereiro de 2013 | Por Lusa
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Intitulado 'Trabalho infantil na pecuária', o relatório da agência das
Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) conclui que
pouco se sabe sobre o envolvimento das crianças nesta actividade, em
que a participação dos menores é comum cultural e tradicionalmente.

Embora reconheça que a participação na agricultura pode ser um factor
normal do crescimento, desde que em tarefas adequadas à idade, que não
tenham riscos para a saúde e que não interfiram com o tempo necessário
para estudar e brincar, a FAO sublinha que muito do trabalho das
crianças na pecuária pode ser categorizado como trabalho infantil.

"É provável que seja perigoso, que interfira com a educação da criança
e que seja prejudicial à saúde e ao desenvolvimento físico, mental,
espiritual, moral ou social", pode ler-se no texto.

O relatório, que se baseia em pesquisa bibliográfica e numa consulta
junto de organizações e de especialistas, cita "uma série de estudos
de caso" focados em países específicos que mostram que o trabalho
infantil no pastoreio - a mais documentada de todas as actividades
infantis na agricultura - "pode começar muito cedo, entre os cinco e
os sete anos".

A FAO manifesta uma "particular preocupação com o facto de algumas
crianças serem traficadas dentro do país ou para outro país em
actividades (forçadas) de pastoreio".

As condições de trabalho das crianças que pastoreiam o gado variam
bastante, adianta o relatório, segundo o qual algumas crianças podem
fazê-lo algumas horas por semana sem deixar de frequentar a escola,
mas outras passam dias seguidos naquela actividade, às vezes longe de
casa, e sem qualquer possibilidade de escolaridade.

"Em muitas situações, a natureza do trabalho das crianças na pecuária
dificulta a frequência da escola formal e os riscos e as condições
envolvidos tornam-no a pior forma de trabalho infantil", pode ler-se
no relatório, que exemplifica com os riscos de doenças relacionadas
com animais, problemas de saúde devido aos longos horários de trabalho
em condições extremas, ou o uso de químicos, além dos factores
psicológicos associados ao medo dos castigos dos empregadores e ao
sentimento de responsabilidade com o capital familiar.

"A redução do trabalho infantil na agricultura não é apenas uma
questão de direitos humanos, já que também contribui para promover a
verdadeira sustentabilidade do desenvolvimento rural e da segurança
alimentar", afirmou Jomo Sundaram, adjunto do director-geral do
Departamento de Desenvolvimento Económico e Social da FAO.

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Para o responsável, "a crescente importância da pecuária na
agricultura significa que os esforços para reduzir o trabalho infantil
devem concentrar-se sobretudo nos factores que conduzem a trabalhos
prejudiciais ou perigosos para as crianças e, ao mesmo tempo, devem
respeitar e proteger os meios de subsistência das famílias rurais
pobres", sublinhou Sundaram.

Um dos sectores agrícolas de maior crescimento, a pecuária representa
40% da economia agrícola e é uma fonte de rendimentos e de segurança
alimentar para 70% dos 880 milhões de pobres no mundo rural que vivem
com menos de um dólar por dia, escreve a FAO.

No seu relatório, a organização apela à academia que faça mais estudos
sobre esta realidade e recomenda aos governos que apertem a malha
legal para diminuir o trabalho infantil na pecuária.

Às associações de produtores, de patrões e de trabalhadores, a FAO
pede empenhamento na sensibilização das populações e às empresas e
multinacionais exige que garanta que não há crianças envolvidas em
trabalho infantil nas suas cadeias de abastecimento.

http://www.noticiasaominuto.com/mundo/48738/maioria-das-crianças-trabalhadoras-estão-na-agricultura

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