Tavira, 22 Fev (Rádio Horizonte Algarve)
Neste sábado, dia 23 de fevereiro, pelas 15h00, o Arquivo Municipal de
Loulé recebe a Conferência "Aguardente de Medronho, seus derivados e
indicadores de qualidade", apresentada por Ludovina Galego, docente do
Instituto Superior de Engenharia, da Universidade do Algarve.
A aguardente de medronho, muitas vezes designada apenas por medronho,
é um destilado que continua a ser produzido, essencialmente de forma
artesanal. A sua produção, tudo indica, foi iniciada em Monchique, no
século X, pelos Árabes. A qualidade deste destilado passou por fases
polémicas, principalmente pela escassez de mão-de-obra. Depois de um
período de investigação laboratorial e de trabalho com produtores
locais, envolvendo várias Instituições da região, a qualidade da
aguardente de medronho foi paulatinamente melhorando.
O controlo de qualidade das aguardentes é feito, essencialmente,
recorrendo a técnicas cromatografias e espetrofotométricas. Técnicas
que permitem diferenciar não só a qualidade, como criar o perfil de
cada tipo de aguardente. O Algarve produz também aguardente de figo,
alfarroba, mel, vínica, bagaceira e desde 2009 aguardente de
batata-doce de Aljezur. Podem ainda encontrar-se pequenas produções de
aguardente de alperce ou de ameixa. Presentemente a grande maioria das
aguardentes de medronho produzidas no Algarve apresentam os seus
parâmetros de qualidade em conformidade com a legislação em vigor
(regulamento (CE) nº nº110/2008 de 15 de Janeiro e Decreto-Lei nº
238/2000 de 26 de Setembro). Existindo já um vasto conjunto destas
bebidas que mereciam uma diferenciação superior ao estabelecido pela
atual legislação, que é ainda bastante permissiva nomeadamente em
relação à acidez total, cujo máximo permitido é de 200 g/hl de álcool
puro (a.p), (expresso em ácido acético), quando deveria ser de 30 ou
em relação ao teor em acetato de etilo, que permite teores de 300 g/hl
(a.p), quando não deveria ultrapassar 150. A aposta no envelhecimento
ainda é fraca, mas com grande potencial de desenvolvimento. Em
Monchique alguns produtores continuam a manter um estágio de 3 meses
em pipas, essencialmente, de madeira de castanho. Noutras localidades,
muito timidamente, surge um ou outro produtor a experimentar o uso de
pipas de carvalho. A grande aposta dos últimos anos na região tem sido
na produção de aguardentes preparadas com mel e principalmente nos
licores.
Ludovina Rodrigues Galego é licenciada em Ensino da Física, pela
Faculdade de Ciências da Universidade Clássica de Lisboa (1987) e
Mestre em Tecnologia Alimentar/Qualidade na Faculdade Ciências da
Universidade Nova de Lisboa (1996). Equiparada a Professora Adjunta no
Instituto Superior de Engenharia (ISE), antiga Escola Superior de
Engenharia (EST), da Universidade do Algarve onde é docente desde
1990.
É responsável pela criação e desenvolvimento do Laboratório de
Enologia onde presta serviços de controlo de qualidade de bebidas
alcoólicas e também desenvolve estudos de melhoria e criação de novas
bebidas.
Leciona as disciplinas de Física Aplicada, Introdução à Engenharia
Alimentar, Laboratórios Integrados de Vinhos e Bebidas Alcoólicas e
Enologia. Já lecionou outras disciplinas tais como Fenómenos de
Transferência, Processamento e Análise de Alimentos Tradicionais do
Algarve, Análise Instrumental, Processamento e Análise de Bebidas
Alcoólicas e Desenvolvimento Pessoal e Profissional.
Desde janeiro de 2011 faz parte da equipa do projeto PROVER nº 15071
REDES, com o objetivo de divulgar conhecimentos sobre aguardente de
medronho.
Fez parte das equipas dos projetos de Valorização da Aguardente de
Medronho (PAMAF-IED 4057 e 8005 entre 1996-2000) e foi responsável na
Escola, entre 2004 e 2008, pelos projetos AGRO 800 (estudo de plantas
aromáticas) e RITA (Reinventar a Industria Tradicional Alimentar do
Algarve).
http://www.algarvenoticias.com/noticias/artigo.php?op=a87ff679a2f3e71d9181a67b7542122c&id=6d1be3a2fee8021297abde7f310a2fab
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