quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
A CRISE NÃO CHEGOU À AGRICULTURA
19/02/2013, 16:35
A crise tão badalada, que hoje tanto falamos e sentimos profundamente, oriunda dos EUA como é do conhecimento geral, migrou e contaminou a economia do mundo desenvolvido incluindo a de países emergentes. Curiosamente, talvez não, os maiores estragos têm-se revelado nos sectores considerados tecnologicamente mais evoluídos, como sejam, os da eletrónica, da informática e das indústrias que são aplicadas nos (automóveis, computadores e telecomunicações), atividades que pareciam serem controladas ao milímetro, graças aos técnicos economistas, gestores e planeadores de alta qualidade, que por lá mourejavam.
Aqui, não havia imponderáveis de clima, nem imprevisibilidades de pragas e doenças, nem preços baixos. Foi precisamente onde a crise económico-financeira mais se sentiu e continua a sentir. Curiosamente estas atividades já longe do setor primário, conhecido como primitivo, irregular, cansativo e empobrecedor a AGRICULTURA.
Por que razão a crise não atacou a pouco organizada, débil e pobre agricultura, com falências e desemprego em massa? Deverá ser motivo de reflexão sobre a sociedade em que vivemos. Não deixa de ser um contrassenso para o citadino comum, mas não é para a maioria dos Agricultores e Técnicos Agrícolas, que têm acompanhado esta luta constante. Faz-nos refletir sobre a "desconsideração" que tem sido dada a este setor primário pelas crescentes massas urbanas, em favor das atividades, ditas de "ponta", onde eles estavam tão seguros do controlo económico. Faz-nos, no fundo refletir, sobre que lições sairão desta crises (se, e quando ela passar) e contabilizados todos os estragos económicos e sociais setor por setor. Os resultados estão á vista, e à disposição de quem os queira analisar, que não deixarão de concluir que o setor agrícola tem sido forte e resistente.
Enquanto a economia portuguesa desceu 3%, na Agricultura cresceu 2,8%. Tudo isto se deveu, fundamentalmente, ao desenvolvimento do sector do vinho, azeite, cortiça, cereais (milho) e em pequenos nichos, de mercado, como enchidos, conservas e outros, com grande incidência nas exportações para os países de expressão Portuguesa e até mesmo para a China. No que se refere ao milho, na zona do Minho com variedades de grande produção, embora alguns terrenos de sequeiro tivessem sido abandonados, aproveitaram os de regadio, com uma produção na ordem dos 15% em relação à nacional. Mas aqui, neste sector, queremos dar relevo ao aumento de produção no Baixo Alentejo. Foi exatamente, na zona irrigada pelo Alqueva, que se conseguiram produções na ordem das 20 toneladas por hectare, enquanto a média nacional oscilava ente as 12 e 15 toneladas. Esta produção, superou as altas produções de milho no sul de França com as médias mais elevadas dos países da Europa. Com esta expansão, as importações diminuíram nos cereais, utilizados nas rações para animais. Por tudo isto se conclui que a Agricultura tem futuro, precisa sim, de ser encarada com mais atenção e com mais dedicação pelos próprios Governantes.
Carlos Venâncio
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