Sociedade
Publicado ontem
NUNO CERQUEIRA
"Mesmo que haja uma falha de energia, temos um gerador que mantém o banco em funcionamento", explica Ana Maria Barata. A engenheira agrónoma tem nas mãos, juntamente com uma equipa de cientistas, investigadores e técnicos, a salvaguarda do património vegetal do país. O banco de sementes está guardado em Braga e chama-se Banco Português de Germoplasma Vegetal.
foto JOSÉ CARMO/GLOBAL IMAGENS
Conservação passa por controlo apertado
Localizado numa quinta com oito hectares na freguesia de Merelim S. Pedro, a missão do banco é preservar e salvaguardar sementes. Do feijão ao milho, passando pelo alho e nabiças e terminando em ervas aromáticas ou fruteiras. "Começamos com um programa de melhoramento do milho e hoje somos um banco de vegetais. Desde leguminosas e cereais, hortícolas, pastagens e forragens para os animais do campo, fibras de linho, ervas aromáticas e medicinais", explica a responsável.
Tudo é catalogado e guardado em câmaras de conservação de frio e in vitro com temperaturas abaixo de zero. "Aqui fazemos essencialmente duas coisas. Temos os terrenos para semear as coleções de sementes para multiplicação, regeneração e caracterização, e temos as câmaras de conservação onde preservamos as sementes", explica Ana Maria Barata, que tem um banco para garantir o cultivo das sementes que depois chegam à cadeia alimentar. A recolha começa junto dos agricultores, para depois serem separadas nos laboratórios. Também é feita a caracterização molecular das sementes, mas é a morfológica que ocupa mais tempo aos investigadores.
"Basta que os sistemas agrícolas se alterem para se deixar produzir determinado tipo de variedade. Isso está acontecer agora, como já aconteceu no passado apesar da atual maior aproximação ao mundo agrícola", refere a responsável pelo BPGV, que abastece os produtores, com base em dois critérios.
"Só é fornecida semente se a variedade existente tiver a mesma origem da zona produtiva. E se o banco tiver disponível quantidade para fornecer. Ao agricultor só é fornecida uma vez, pois ele depois tem a responsabilidade de o preservar e multiplicar", destaca Ana Maria Barata.
No banco, há mais de 45.000 amostras de variedades vegetais, representativas de mais de uma centena de espécies. Encontram-se conservadas em frio, in vitro e no campo. Mais de duas mil são de milho e 1700 de feijão.
http://www.jn.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=3062647
Sem comentários:
Enviar um comentário