quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O que comemos na última década?

Nitrofuranos, bactérias em vegetais, gripe das aves. A lista de
problemas na indústria é extensa, tal como os prejuízos humanos e
materiais


Gripe A matou 12 mil pessoas
Nuno Veiga
21/02/2013 | 11:38 | Dinheiro Vivo
Desde que rebentou o escândalo agro-alimentar nas refeições
congeladas, em janeiro passado, praticamente todos os dias se
descobrem novos casos de produtos supostamente confecionados à base de
carne bovina, mas que contêm 100% de carne de cavalo. A nova crise
alimentar traz à memória outras que envolveram uma indústria que
movimenta milhões, e cujo negócio assenta numa complexa teia de
distribuidoras, empresas de transformação e produtores. As autoridades
garantem não estar em causa a segurança dos consumidores – trata-se de
uma fraude com carne mais barata – mas o mesmo não se pode dizer do
que aconteceu na Alemanha, em 2011.


E-coli
A bactéria matou 50 pessoas na Alemanha e uma na Suécia. O surto foi
provocado por rebentos vegetais contaminados, com origem num quinta
biológica da Alemanha. O pacote de rebentos vegetais analisado foi
entregue às autoridades por um pai de família cuja mulher e a filha
ficaram gravemente doentes ao contrair a bactéria E-coli.
O caso assumiu proporções alarmantes quando começaram a surgir relatos
de infecções em vários países europeus. Portugal foi um dos países
afetados, onde pelo menos três pessoas ficaram infetadas, ainda que os
números do nosso país estivessem longe do drama vivido em França ou
Alemanha, onde a bactéria fez várias vítimas mortais.
Ignorando inicialmente a origem da epidemia, as autoridades alemãs
lançaram um alerta sobre lotes de pepinos espanhóis e desaconselharam
o consumo de pepinos, tomates e saladas. Vários países acabariam por
ser afetados pela bactéria, obrigando a União Europeia a gastar 227
milhões de euros para pagar os danos causados pela epidemia. Portugal
recebeu 5 milhões em compensações.
Gripe das aves
Causada por uma variante do vírus Influenza (H5N1) hospedado nas aves,
mas capaz de infectar mamíferos, a pandemia que ficou conhecida como
Gripe das Aves teve início em 2005, após serem identificados vários
casos de infeção humana no Vietname, Tailândia, Camboja e Indonésia.
Com um nível de mortalidade superior a 50%, a doença fez mais 100
vítimas mortais devido a uma mutação genética que facilitou a
transmissão do vírus aos humanos. Sem uma vacina para as aves contra o
vírus Influenza H5N1, o controlo da doença é feito através do abate
dos animais infectados e próximos do foco de infeção, num raio de 10
quilómetros, que inclui não apenas as aves de criação em escala
industrial mas também as produzidas de forma doméstica.
Nitrofuranos
Em 2003, Portugal foi abalado por um escândalo de proporções europeias
após as autoridades sanitárias terem detetado em vários aviários a
presença de nitrofuranos, um medicamento cancerígeno de uso vedado na
profilaxia sanitária dos animais. O antibiótico foi importado da
Alemanha e era administrado na proporção de 200 gramas por cada grupo
de cinco mil pintos, desde a nascença até ao abate, entrando no nosso
país com recurso a expedientes que contornavam a sua proibição,
decretada pelas autoridades sanitárias da União Europeia desde há oito
anos.
No relatório final dos Resíduos de Nitrofuranos em Portugal,
revelou-se que os custos da crise dos ascenderam aos 300 mil euros. Em
2011, o Tribunal Central Administrativo do Norte confirmou a
condenação do Estado português ao pagamento de 348 mil euros a um
centro de abate de aves em Estarreja, pelos prejuízos causados pela
ordem para destruir 119 mil quilos de carne. Um ano depois do
escândalo, que levou a uma quebra assinalável na venda de aves, o
consumo recuperou da crise e estabilizou.
Gripe A
Em Março e Abril de 2009, um surto de gripe suína foi identificado
no México, tendo as autoridades relacionado o caso com o vírus
Influenza A H1N1. Rapidamente, o surto alastrou-se aos Estados
Unidos, Canadá e, mais tarde, ao resto do mundo. Mais de 200 países
foram afetados pela doença respiratória, cujos sintomas se
assemelhavam a uma vulgar gripe, mas que na ausência de tratamento
poderiam provocar a morte. O vírus levou a Organização Mundial de
Saúde a decretar "emergência de saúde pública internacional", tendo a
indústria da carne de porco conhecido enormes quebras no negócio. A
pandemia foi responsável por 12 mil mortes em todo o mundo.

http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO103402.html?page=0

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