sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

DECO desaconselha consumo de carne picada vendida a granel por questão de saúde

22.02.2013 06:58
PAÍS

A DECO desaconselhou hoje o consumo de carne picada vendida a granel por considerar que esta pode causar problemas de saúde pública e reivindicou maior fiscalização por parte da ASAE e nova legislação para os talhos.
A associação de defesa do consumidor fez um estudo com base em amostras  de carne picada vendida a granel em 34 talhos das zonas da Grande Lisboa  e do Grande Porto e referiu "resultados alarmantes" na área da saúde pública  e da higiene e conservação.

"Um dos maiores problemas que encontrámos foi a existência de sulfitos  em cerca de 60% da carne. Este conservante, que não é permitido na carne,  pode causar dores de cabeça, náuseas e crises de asma em pessoas sensíveis",  disse à agência Lusa Nuno Lima Dias, responsável pelo estudo.

Nuno Dias referiu que nalguns casos foram encontrados "concentrações  de sulfitos muito elevadas, próprias de quem não sabe muito bem o que está  a fazer".

"Trata-se de um problema de saúde pública e o consumidor também pode  ser enganado", disse, explicando que o conservante em causa é usado como  inibidor de microorganismos e dá à carne uma cor de carne fresca, mesmo  que esta não o esteja.

Na carne picada vendida a granel nos talhos dos super e hipermercados  não foram detetados sulfitos.

Outros dos problemas detetados tem a ver com a higiene e conservação  do produto estudado.

Segundo o responsável do estudo, alguns dos produtos analisados estavam  "muito contaminados" com microrganismos patogénicos, nomeadamente 35% das  amostras tinham vestígios de listéria e 25% de salmonelas.

"A temperatura de venda também é muito importante para a conservação  do produto. Encontrámos, em média, carne picada a 5 e 6 graus centígrados,  e alguma até a 10 graus, quando a legislação não permite temperaturas de  conservação acima dos 2 graus porque é um produto muito perecível", afirmou.

De acordo com o estudo, só oito talhos respeitavam a lei, mantendo a  carne picada a uma temperatura de 2 graus.

Tendo em conta os "resultados catastróficos deste estudo", a DECO entregou  a análise que fez à ASAE "para que faça o seu trabalho e fiscalize todos  estes problemas que foram detetados".

Entregou também os resultados do estudo à secretaria de Estado da Alimentação  e Investigação Agroalimentar e aos grupos parlamentares para que seja produzida  legislação no sentido de proibir a venda a granel de carne previamente picada.

A DECO defende que seja retomada a prática da década de 90 em que a  carne só podia ser picada à vista e a pedido do consumidor.

http://sicnoticias.sapo.pt/pais/2013/02/22/deco-desaconselha-consumo-de-carne-picada-vendida-a-granel-por-questao-de-saude

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