segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Museu da Cortiça abandonado e em risco de saque

SILVES

por Lusa, texto publicado por Paula MouratoHoje1 comentário

O museu da Cortiça de Silves corre o risco de ficar a saque, após o
abandono, há quatro anos, da Fábrica do Inglês, encerrada por falência
e cujo futuro é incerto, não havendo ainda acordo entre administração
e credores.
O antigo diretor do museu, dos poucos que ainda entra no espaço, jà
apresentou à GNR uma queixa-crime pelos sucessivos furtos no complexo
e está preocupado com a possibilidade de o museu ser vandalizado.
Construída sobre uma antiga fábrica de cortiça, a Fábrica do Inglês,
complexo de animação turística fundado em 1999, albergava o Museu da
Cortiça e espaços de restauração e espetáculos, mas faliu e ainda não
foi declarada a insolvência.
"O que me assusta é que estando a fábrica ao abandono e as pessoas
parecendo pouco preocupadas, a qualquer momento pode acontecer uma
coisa mais desagradável", disse à agência Lusa o ex-diretor, Manuel
Castelo Ramos.
Do complexo tem sido furtado tudo o que possa ter valor comercial:
desde cobre a componentes de máquinas ou termoacumuladores, embora do
interior do museu ainda nada tenha sido levado.
Aquele que era considerado o principal museu de cortiça existente em
Portugal chegou a ganhar o prémio de melhor museu industrial da Europa
em 2001, ano em que recebeu mais de 100 mil visitantes.
No museu permanecem máquinas únicas no mundo e outros equipamentos que
remontam ao período em que Silves era a capital nacional da indústria
corticeira e que agora estão abandonados.
"Eu não gostaria que o nosso país fosse noticiado lá fora como sendo o
maior exportador mundial de cortiça e ao mesmo tempo ter o maior museu
corticeiro do mundo ao abandono e sujeito a qualquer vandalismo",
referiu o ex-diretor do museu.
O professor admitiu que lhe custa "estar um pouco sozinho na cidade",
porque as pessoas solidarizam-se com a causa, mas apenas por palavras
e é preciso tomar uma ação.
"Aqui em Portugal, embora haja colegas que já se manifestaram não há
da parte dos responsáveis, até agora, nada. E é isso que me põe
triste", lamentou, acrescentando que decorreu este mês um congresso
sobre cortiça na Catalunha em que se votou uma moção favorável à
urgente reabertura do museu.
O arquivo histórico da antiga Fábrica de Cortiça de Silves foi
transferido no ano passado para o Arquivo Distrital de Faro, mas o
mesmo não pode ser feito em relação ao restante acervo.
Manuel Castelo Ramos lembrou que a maior parte das máquinas estão no
seu lugar de origem e que algumas, como os tanques de rolhas, nem
sequer podem ser deslocadas.
O antigo diretor queixa-se ainda da deterioração do edifício, agravada
pela intempérie que em novembro atingiu Silves, o que está a pôr em
risco as peças do museu.
A Fábrica do Inglês pertence a uma empresa do Grupo Alicoop/Alisuper,
recentemente adquirido pelo Grupo Nogueira, que detém 28 por cento das
ações, e a vários acionistas que detêm os restantes 72 por cento.

http://www.dn.pt/inicio/portugal/interior.aspx?content_id=3072788&seccao=Sul&page=-1

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