quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O DOURO. CRISE E OPORTUNIDADES IV

Opinião | 19-10-2011
Por Jorge Almeida
A promoção e marketing constituem hoje, no ambiente global em que
vivemos, das ferramentas mais importantes e mais eficientes com vista
à expansão da comercialização de um produto.
Nas últimas décadas, técnicas inovadoras de imagem, design e
comunicação fizeram elevar ao top de vendas, alimentos e bebidas até
então pouco consumidas. Tanto podemos falar de Martini, de Champanhe,
de vinhos Chilenos, de azeite Galo, de queijo Camembert, de Mateus
Rosé ou de Chivas.

A promoção dos principais produtos âncora passou a ocupar um lugar
marcante no planeamento estratégico das empresas e na orientação
política de muitos governos.
A razão principal da redução do benefício na vindima de 2011, tem a
ver com a diminuição das vendas de vinho do Porto, tanto no mercado
nacional, como nos principais mercados internacionais. Menos vendas
nos últimos dez anos, mantendo quantitativos de benefício acima das
vendas, conduziu ao inevitável. Grandes stocks nos armazéns dos
exportadores, preços em queda. Esta é a realidade nua e crua.
E será que estamos a fazer o nosso trabalho de casa na área da
promoção e marketing ? será que o que temos feito lá fora, em
quantidade e qualidade, tem sido suficiente para aumentar o volume de
negócios ?
É evidente que não. Comecemos por uma simples reflexão. Quantos
leitores do NVR conhecem e consomem o Portonic ?
E a quantas pessoas chegou a promoção do vinho do Porto, em Portugal e
nos principais países consumidores, nos últimos anos?
Que campanhas coerentes, consistentes e prolongadas no tempo têm vindo
a ser feitas em honra daquele saboroso néctar?
Alguns dados. Hoje, um dos grandes mercados do Champanhe e do Bordéus,
é a China. País de grandes oportunidades, com um mercado potencial
imenso, e com grande apetência para bebidas fortificadas. E nós, que
trabalho de promoção fizemos até agora naquele colosso do oriente, e o
que conseguimos até agora exportar para lá? Pouco mais de zero.
Hás dias, uma alta dirigente do IVV, anunciava que aquele instituto
dispunha de 5,6 milhões de euros para promover os vinhos portugueses
no mundo. É claro que ninguém comentou aquele discurso, e ninguém
disse que aquele valor era uma ridicularia em função dos volumes de
dinheiro investidos hoje no mundo pelas grandes marcas.
Os nossos responsáveis parecem não ter ideia do que se passa nos
mercados globais e parecem desconhecer a importância da promoção na
comercialização dos produtos. Só o IVDP, para a promoção dos vinhos do
Douro e Porto, e devido à sua natureza estatutária, viu cativados a
favor do governo cerca de 9 milhões de euros. Dinheiro que era
resultante das taxas pagas por agricultores e comerciantes. E assim,
como vamos aumentar as nossas vendas nos mercados tradicionais e abrir
novas frentes comerciais nos mercados emergentes, como vamos criar as
condições para aumentar o benefício nos próximos anos, se é o próprio
estado a retirar verbas do sector destinadas a promoção e marketing ?
Não alimentemos a ilusão proveniente de alguns discursos passadistas.
Temos que promover, promover, promover os nossos produtos. Vender
mais, em consequência aumentar o benefício e melhorar o rendimento dos
agricultores. Só temos este caminho!
http://www.noticiasdevilareal.com/noticias/index.php?action=getDetalhe&id=11591

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