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Publicado em 20/10/2011
No primeiro semestre 47% dos portugueses não compraram uma única peça
de vestuário, por contenção de despesas, mais 3,8 pontos percentuais
do que em idêntico período do ano passado. De acordo com um estudo da
Kantar Worldpanel, as compras de roupa em Portugal caíram 1,3% em
volume entre Janeiro e Junho.
No grande consumo, a crise já está a levar menos portugueses aos
centros comerciais, numa tentativa de travar as compras por impulso:
as visitas aos shoppings baixaram 8,8% este ano, face ao ano passado,
e 20% em comparação com 2007.
De uma forma geral, compra-se o mesmo, gasta-se menos por cada acto de
compra e vai-se mais vezes ao supermercado. "Independentemente dos
aumentos de preços, nas suas escolhas o consumidor consegue que o
impacto [na conta] não seja tão grande", destaca Paulo Caldeira, da
Kantar Worldpanel.
Há três estratégias que têm sido utilizadas para contornar a crise:
aproveitar as promoções, comprar mais produtos de marca da
distribuição e substituir um produto por outro (por exemplo, em vez de
comprar carne de vaca, optar pelo frango).
A quota das marcas próprias chega aos 36,6% no consumo em geral e aos
40% na alimentação. Tendo em conta os efeitos das medidas de
austeridade, incluindo o aumento do IVA, a Kantar estima que a quota
global destes produtos possa chegar aos 42%.
A categoria de produto que mais subiu nas vendas no primeiro semestre
foi o take away (6,3% de aumento em valor face ao ano passado). As
bebidas aumentaram em volume (1,1%), mas desceram em valor (0,9%), o
que significa que os portugueses estão cada vez mais atentos aos
preços.
"Fazem-se mais refeições em casa, mas devido aos problemas de falta de
tempo também se opta pelas refeições económicas já prontas", diz Paulo
Caldeira. Este tipo de produtos, congelados ou prontos a consumir, vão
ter um agravamento no IVA de 13 para 23%.
Quase 60% dos lares portugueses estão a gerir com mais cuidado as suas
despesas diárias e 22% admitem que já têm dificuldade em comportar
despesas essenciais (eram 19% em 2010). Este grupo de consumidores
mais prejudicados pela crise já leva almoço para o trabalho, mudou a
loja onde habitualmente faz compras e passou a comprar outras marcas.
De acordo com o estudo, o peso dos supermercados Lidl e Minipreço
nestes consumidores é maior.
A tendência de fazer mais comida em casa deverá manter-se em 2012,
avança Sónia Antunes, directora da Kantar Worldpanel em Portugal.
http://www.mafrahoje.pt/pt/articles/portugueses-estao-a-comprar-menos-e-mais-barato
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