2011-10-17 (IM)
A primeira quinzena de outubro registou temperaturas do ar, em
particular da máxima, muito acima do valor médio para época, com
desvios superiores a 5ºC na maior parte das estações da rede do
Instituto de Meteorologia, I.P., particularmente nas regiões do norte
e centro do continente.
Neste período, cerca de 80% das estações registaram pelo menos um dia
com temperatura máxima do ar igual ou superior a 30ºC (dias quentes) e
35% das estações registaram em todos os dias, durante os primeiros 7
dias de outubro, valores de temperatura máxima do ar igual ou superior
àquele valor.
Entre os dias 1 e 15 foram ultrapassados os extremos históricos da
temperatura máxima para o mês de outubro em algumas estações,
nomeadamente Bragança com 30.8ºC no dia 12, Lisboa com 33.9ºC no dia
13; Anadia com 35.8ºC no dia 13, Carrazeda de Ansiães com 29.9ºC no
dia12 e Mirandela com 33.9ºC no dia 5.
A persistência do tempo quente determinou que durante o mesmo período
se tenham registado duas ondas de calor, a primeira com inicio ainda
durante o mês de setembro e que se prolongou até 6/ 7 de outubro, que
teve uma duração mínima de 6 dias no Montijo, Lavradio e Sines e
duração máxima de 12 dias em Alvega e Alcácer do Sal. A segunda teve
início em 9/10 de outubro e ainda só terminou nas estações do Porto,
Setúbal e Sines no dia 14.
Na primeira quinzena de outubro não se registou precipitação em todo o
território do continente, prolongando um período de ausência de
precipitação que se havia iniciado em setembro, mês em que a
precipitação no território do continente foi cerca de 65% da média.
Esta situação veio agravar a seca meteorológica no continente, que no
final da quinzena atingia todo o território, sendo que 1/3 se encontra
já em situação de seca severa e extrema, os níveis mais elevados de
severidade deste fenómeno.
Prevê-se que a situação de tempo quente se mantenha no decorrer da
semana, ainda que se espere que a partir da tarde de amanhã, dia 18, a
circulação do ar predomine do quadrante oeste, com neblinas ou
nevoeiros matinais no litoral norte e centro e que a temperatura possa
ter uma descida a partir de quarta-feira, 19. A partir de dia 23,
regista-se uma forte probabilidade para a ocorrência de precipitação
em todo o território do continente, também acompanhada de uma
tendência para uma descida mais acentuada nas temperaturas (máximas e
mínimas).
A persistência do tempo seco e das temperaturas com valores acima da
média para esta altura do ano, deve-se à situação meteorológica que
afetou o território do continente, caracterizada por um anticiclone de
bloqueio localizado sobre a Europa Central e que se estendeu a quase
toda a Europa Ocidental, desde a Escandinávia ao Mediterrâneo e da
Polónia à Península Ibérica, transportando na sua circulação ar muito
quente e seco. Esta situação originou, em Portugal continental, vento
em geral fraco de leste e valores baixos da humidade relativa do ar,
excetuando os dias 6 e 7, em que o vento soprou moderado do quadrante
norte, por vezes forte no litoral e nas terras altas, tendo-se
registado temporariamente uma descida da temperatura.
Apesar de nos últimos 6 anos, à exceção de 2010, ter sido observada
uma anomalia positiva da temperatura máxima do ar em outubro,
nomeadamente em 2009 com +2.8ºC, dada a grande variabilidade da
temperatura interanual deste mês, não se pode atribuir este
aquecimento, por si só, a um efeito da alteração climática.
Recorda-se, contudo, que os vários cenários climáticos em Portugal
Continental, apontam para uma maior frequência destes episódios e
mesmo para uma elevação média da temperatura do ar no outono.
Também em alguns países do sul da Europa se verificou uma persistência
de tempo quente. Tal foi o caso da França onde foram registados
records de temperatura nos dias 11 e 12 de outubro com valores acima
dos 31ºC.
http://www.meteo.pt/export/sites/default/bin/docs/tecnicos/tempaltas_onda_calor_17_out_2011.pdf
http://www.meteo.pt/pt/media/noticias/newsdetail.html?f=/pt/media/noticias/textos/situacao_quinzena_outubro.html
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