ANEFA
Nota de Imprensa
Todos conhecemos os esforços que estão a ser "pedidos" aos
portugueses, no âmbito da crise financeira instalada no nosso país,
mas, o que talvez nem todos saibam, é o enorme contributo que o sector
florestal pode ter na resolução deste problema.
Responsável por cerca de 3% do PIB nacional e 260.000 postos de
trabalho, o sector florestal é já o 3º sector exportador, cobrindo o
défice nacional das importações de bens alimentares no valor de mais
de 3,5 mil milhões de euros.
Apesar da importância e grandeza dos números, continuamos a assistir a
uma estratégia nacional que não valoriza a floresta, e que a condena a
cada ano que passa. Prova desse abandono é o alastramento do Nemátodo
da Madeira do Pinheiro (NMP), colocado em risco a sustentabilidade da
floresta portuguesa.
Desde Julho de 2008 (altura em que Portugal Continental foi decretado
como zona afectada pelo NMP), que a ANEFA tem alertado para as
consequências desta problemática, no entanto, uma vez mais se optou
pelo não envolvimento de todos os agentes do sector, e o resultado
está à vista.
Demarcada como uma das principais zonas produtoras de pinheiro bravo
do país, a Região Centro assenta, essencialmente, numa economia local
muito dependente do sector florestal, mas actualmente vê-se condenada
por falta de inoperância das entidades que, supostamente, visam a sua
sustentabilidade. E teremos nós de assistir de pés e mãos atados à
sentença silenciosa desta área emblemática em Portugal?
Em tempos de crise como o que atravessamos, assistimos a um abandono
da floresta em detrimento do investimento necessário que permita o
reavivar da economia nacional. Portugal exportava anualmente cerca de
240 mil toneladas de madeira em rolaria, com um valor médio de 45
€/tonelada, resultando num orçamento de 10,8 milhões de euros, a que
acresce os valores de exportação relacionados com serração, painéis,
carpintaria e mobiliário.
Os números são bem ilustrativos de como a fileira do pinho em Portugal
se encontra comprometida, pelo que a ANEFA não compreende como se
tenha voltado a atribuir subsídios às Organizações de Produtores
Florestais, e assim pensar que o problema estava resolvido. A verdade
é que mais um ano passado, e as acções de erradicação mal começaram,
contribuindo para um maior disseminação da doença.
Este é efectivamente um problema nacional, e enquanto não for encarado
como tal, não terá resolução à vista. Assistimos assim a uma
estratégia completamente falhada, com gasto de dinheiros públicos sem
qualquer impacto na nossa floresta, e ano após ano, redefinidos planos
e "começamos do zero", mas a verdade é que o desenvolvimento florestal
não pode parar e esperar que se descubra a solução milagrosa.
A estratégia não é nova, e nem se pretende inventar esquemas
mirabolantes não aplicáveis em curto prazo. Basta aprendermos com os
erros do passado, mas também aproveitar os métodos anteriores que se
demonstraram bem mais eficazes no controlo deste problema.
Assim, uma vez mais a ANEFA defende que a prospecção da doença deve
ser realizada pelas Organizações de Produtores Florestais que,
localmente, teriam de identificar as árvores afectadas, comunicando-as
à Autoridade
Florestal Nacional, responsável pela fiscalização de todo o processo.
As operações no terreno ficariam a cargo de empresas de exploração
florestal com capacidade técnica de execução, devendo limitar-se o
abate de madeira
de pinho, às zonas afectadas. Por sua vez, a Indústria comprometia-se
em receber essa madeira prioritariamente, mantendo os preços da mesma,
evitando especulações de mercado.
Esta seria sem dúvida uma maneira de lidar com um problema que é de
todos, e mesmo de apresentar à Comissão Europeia uma responsabilização
conjunta no combate ao Nemátodo da Madeira do Pinheiro.
A nossa floresta vale o esforço conjunto, e a economia nacional agradece!
Lisboa, 20 de Outubro de 2011
http://www.agroportal.pt/x/agronoticias/2011/10/21d.htm
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