Por David Samuel Santos
22.03.2013
Nenhuma árvore no mundo tem um currículo tão invejável como o Cedro do
Líbano. A sua madeira aromática e homogénea foi usada na construção de
templos e embarcações, múmias e rituais religiosos.
Assim, a mais antiga mancha destas árvores existente no Líbano, a
floresta dos cedros de Deus próximo de Bcharré, era para mim local de
passagem obrigatória quando visitei o país em 2010. Cheguei aí à
boleia partindo de Baalbek, cidade bastião do Hezbolla e onde os
romanos edificaram alguns dos mais impressionantes templos aos seus
deuses.
A Bcharré no entanto, não chega o pregão das mesquitas que dominam o
país: a população é praticamente toda cristã. A rudez do terreno
abrigou durante séculos a comunidade que se refugiou no quase
impenetrável vale de Qadisha, o vale sagrado, que começa mais abaixo.
Uma sensação de isolamento do mundo invade-nos quando se inicia a
descida. Agora há uma estrada até ao início do vale, mas indo a pé
pode-se atalhar por um carreiro. Depois, só mesmo as pernas nos valem.
Os mosteiros e ermidas sucedem-se intercalados com pequenas casas de
pedra que contrastam com as luxuosas moradias, que nos primeiros
metros ainda se conseguem vislumbrar lá em cima.
Depois, o tempo pára e só os cânticos e orações quebram o silêncio à
sombra das majestosas árvores.
http://fugas.publico.pt/DicasDosLeitores/317992_a-floresta-dos-cedros-de-deus
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